O poderoso ciclone Tauktae tocou a terra nesta segunda-feira (17/5) no oeste da Índia, acompanhado por ventos fortes e chuvas torrenciais, no momento em que o país luta contra uma onda devastadora de contágios por coronavírus.
Os serviços meteorológicos anunciaram que o ciclone Tauktae começou a entrar na costa do estado de Gujarat, no noroeste da Índia, gerando a evacuação de milhares de pessoas, incluindo muitos pacientes com coronavírus, de vários hospitais.
Ao menos 12 pessoas morreram no fim de semana devido aos ventos e chuvas torrenciais que anunciavam o Tauktae, a maior tormenta que afetará a região oeste da Índia em 30 anos, segundo a imprensa local, quando atravessava o Mar Arábico na direção do estado de Gujarat.
A "tempestade ciclônica extremamente grave" está acompanhada de ventos de 155 a 165 quilômetros por hora, com rajadas que podem alcançar 185, advertiu o departamento meteorológico indiano.
O ciclone Tauktae atinge a Índia no momento em que o país enfrenta uma terrível segunda onda de coronavírus, com mais de 4.000 mortes diárias. Os hospitais estão em colapso, os profissionais da saúde à beira da exaustão e o sistema enfrenta a falta de oxigênio e medicamentos.
Em Mumbai (oeste), capital do estado de Maharashtra, já registram inundações. As autoridades fecharam nesta segunda-feira o aeroporto durante várias horas e pediram que a população permaneça em áreas protegidas.
As autoridades enviaram dois navios da Marinha para tentar resgatar uma embarcação com 273 pessoas a bordo, à deriva em frente à costa de Mumbai. O Ministério da Defesa informou que 28 pessoas foram resgatadas até o momento.
Pacientes com COVID-19 são transferidos para longe da costa
No domingo (16/5), 580 pacientes de COVID-19 foram transferidos de hospitais de campanha para "locais mais seguros".Em Gujarat (noroeste), mais de 100.000 pessoas abandonaram 17 distritos na madrugada desta segunda-feira. Os pacientes de COVID-19 hospitalizados em clínicas localizadas a cinco quilômetros da costa também foram transferidos.
As autoridades desta região lutam para evitar os cortes de energia elétrica nos quase 400 hospitais e 41 fábricas de oxigênio dos 12 distritos da costa, que devem ser atingidos com mais força pelo ciclone.
"Instalamos 1.383 geradores para ter certeza de que os hospitais que travam a luta contra a COVID não enfrentarão cortes de energia elétrica", afirmou um alto funcionário do governo regional, Pankaj Kumar.
Também foram criados 35 "corredores verdes" para permitir o abastecimento de oxigênio nos hospitais. Os protocolos de combate ao vírus, como o uso de máscara, distanciamento físico e uso de produtos de limpeza, serão respeitados nos abrigos, segundo as autoridades.
O estado de Gujarat, que registra oficialmente 9.000 mortes por COVID-19 – um balanço que provavelmente representa uma subnotificação dos números reais, como no restante do país, segundo os especialistas –, suspendeu por dois dias a campanha de vacinação. Mumbai fez o mesmo por um dia.
O país de 1,3 bilhão de habitantes registrou, nesta segunda-feira (17/5), 4.100 mortes e quase 280.000 novos casos nas últimas 24 horas, o que eleva o total de óbitos por COVID-19 a mais de 250.000 e o de infectados a quase 25 milhões.
Dupla tragédia na Índia
"Este ciclone é uma verdadeira dupla tragédia para milhões de pessoas na Índia", afirmou Udaya Regmi, da Federação Internacional da sociedade da Cruz Vermelha e da Lua Crescente.
As autoridades mobilizaram milhares de socorristas para enfrentar a primeira grande tempestade tropical da temporada e colocaram em alerta unidades da Guarda Costeira, da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, informou o ministro do Interior, Amit Shah, em um comunicado.
Em maio de 2020, também durante a pandemia de coronavírus, mais de 100 pessoas morreram durante a passagem do ciclone Amphan, que devastou o leste da Índia e Bangladesh.
O que é um lockdown?
Saiba como funciona essa medida extrema, as diferenças entre quarentena, distanciamento social e lockdown, e porque as medidas de restrição de circulação de pessoas adotadas no Brasil não podem ser chamadas de lockdown.
Vacinas contra COVID-19 usadas no Brasil
- Oxford/Astrazeneca
Produzida pelo grupo britânico AstraZeneca, em parceria com a Universidade de Oxford, a vacina recebeu registro definitivo para uso no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). No país ela é produzida pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
- CoronaVac/Butantan
Em 17 de janeiro, a vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac, em parceria com o Instituto Butantan no Brasil, recebeu a liberação de uso emergencial pela Anvisa.
- Janssen
A Anvisa aprovou por unanimidade o uso emergencial no Brasil da vacina da Janssen, subsidiária da Johnson & Johnson, contra a COVID-19. Trata-se do único no mercado que garante a proteção em uma só dose, o que pode acelerar a imunização. A Santa Casa de Belo Horizonte participou dos testes na fase 3 da vacina da Janssen.
- Pfizer
A vacina da Pfizer foi rejeitada pelo Ministério da Saúde em 2020 e ironizada pelo presidente Jair Bolsonaro, mas foi a primeira a receber autorização para uso amplo pela Anvisa, em 23/02.
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Como funciona o 'passaporte de vacinação'?
Os chamados passaportes de vacinação contra COVID-19 já estão em funcionamento em algumas regiões do mundo e em estudo em vários países. Sistema de controel tem como objetivo garantir trânsito de pessoas imunizadas e fomentar turismo e economia. Especialistas dizem que os passaportes de vacinação impõem desafios éticos e científicos.
Quais os sintomas do coronavírus?
Confira os principais sintomas das pessoas infectadas pela COVID-19:
- Febre
- Tosse
- Falta de ar e dificuldade para respirar
- Problemas gástricos
- Diarreia
Em casos graves, as vítimas apresentam
- Pneumonia
- Síndrome respiratória aguda severa
- Insuficiência renal
Os tipos de sintomas para COVID-19 aumentam a cada semana conforme os pesquisadores avançam na identificação do comportamento do vírus.
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