Jornal Estado de Minas

LONDRES

Única britânica com 3 estrelas Michelin, chef Clare Smyth reabre suas portas

Ela conquistou uma terceira estrela Michelin durante o confinamento e agora, quatro meses depois, pode finalmente reabrir seu restaurante em Londres. A chef Clare Smyth, a primeira e única britânica com tal reconhecimento, avança firme em uma indústria dizimada pela pandemia.



A norte-irlandesa de 42 anos é a primeira britânica a receber três estrelas Michelin no Reino Unido e apenas o quarto chef do país a receber tal honra.

A distinção, anunciada em janeiro, quando toda a Inglaterra estava confinada devido à covid-19, foi um "sonho" no meio de um pesadelo.

"É fantástico que tenha acontecido em um ano tão difícil", confessa a mulher de cabelos loiros e olhos claros dos quais emana uma autoridade serena.

Em pleno confinamento, a comemoração foi pouca: "comemoramos com uma garrafa de champanhe e uma pizza" e videoconferências com sua equipe do Core, o restaurante inaugurado em agosto de 2017 no bairro londrino de Notting Hill.

A restauração sofreu especialmente com os muitos meses de confinamento no Reino Unido.

Fechados desde dezembro, os restaurantes londrinos poderão receber clientes em seus espaços internos a partir de segunda-feira, mas não poderão contar com os turistas estrangeiros, escassos devido às restrições.



Durante o confinamento, a equipe do Core preparou centenas de refeições por semana para instituições de caridade e ofereceu a seus clientes cardápios para viagem ou entrega em casa, uma novidade que "funcionou muito bem".

A reabertura é auspiciosa: as reservas estão cheias até agosto. "Temos muita sorte porque temos uma clientela regular", incluindo celebridades como a família do ex-astro do futebol David Beckham.

Para se adaptar à situação sanitária, o número de clientes foi reduzido: 44 em vez de 54. E os 42 funcionários são submetidos a exames semanais de covid-19.

- A batata como estrela -

Com suas prateleiras cheias de livros de receitas antigos, decantadores de bebidas e com assentos confortáveis, o Core é um lugar intimista e aconchegante.

O guia Michelin elogia seus "pratos modernos que oferecem sabores e texturas magníficas, mas com um estilo sóbrio e discreto".

Produtos despretensiosos como batatas e cenouras são sublimados. O prato estrela é uma batata coberta com ovas de truta e arenque, servida com molho de manteiga e vinho branco.



É uma homenagem às suas raízes na Irlanda do Norte: "Cresci comendo batata todos os dias, perto da costa", por isso estes sabores são "muito nostálgicos".

Enquanto tudo no Core é "made in Britain", dos produtos frescos a louças e talheres, a equipe é internacional, algo que Smyth pretende manter, apesar do endurecimento das condições de imigração após o Brexit.

"Temos que continuar trazendo esses trabalhadores", defende, embora tema que "o Brexit tenha um grande impacto nas contratações".

Determinada a seguir carreira na gastronomia, Smyth deixou a fazenda da família em County Antrim, a oeste de Belfast, aos 16 anos para treinar na Inglaterra e perseguir seu sonho.

Sua formação incluiu passagens no Louis XV, o restaurante francês de Alain Ducasse em Mônaco, e no estabelecimento do britânico Gordon Ramsay no elegante bairro londrino de Chelsea, onde trabalhou por 13 anos, passando a dirigi-lo.

Em maio de 2018, o príncipe Harry e Meghan Markle a escolheram para seu banquete de casamento: "Foi como um conto de fadas, vamos lembrar por muito tempo".

Em julho, planeja abrir seu primeiro restaurante na Austrália, chamado Oncore, no hotel Crown Sydney.

Junto com o The Connaught, da francesa Hélène Darroze, o Core é o único restaurante do Reino Unido a receber a terceira estrela este ano, a maior distinção do Michelin.

Duas mulheres no topo do pódio, um evento "bastante raro", mas "acho que veremos cada vez mais mulheres no mais alto nível", prevê Smyth. "Tenho algumas em minha cozinha que espero que ganhem suas próprias estrelas nos próximos cinco ou dez anos".

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