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Estado de Minas ORIENTE MÉDIO

Esforço diplomático pela paz

ONU, União Europeia, Turquia e Rússia exigem redução das tensões entre Israel e Hamas, em meio à escalada do conflito


13/05/2021 04:00

Ataques israelenses deixaram 65 palestinos mortos, incluindo crianças. Em Israel, foguetes do Hamas mataram cinco civis (uma criança) e um soldado (foto: Qusay Dawud/AFP)
Ataques israelenses deixaram 65 palestinos mortos, incluindo crianças. Em Israel, foguetes do Hamas mataram cinco civis (uma criança) e um soldado (foto: Qusay Dawud/AFP)

Uma operação de assassinatos seletivos contra dois comandantes militares do Hamas, na Cidade de Gaza e em Khan Yunis, elevou ainda mais a tensão no Oriente Médio. Como resposta à morte de Bassem Issam, chefe da rede cibernética e da brigada do Hamas na capital da Faixa de Gaza, e de Jamaa Tahla, especialista no desenvolvimento de foguetes, o movimento fundamentalista islâmico intensificou os ataques contra Israel. O agravamento da crise e o risco de uma “guerra em larga escala” mobilizaram a comunidade internacional para buscar uma saída diplomática. No entanto, os esforços pela paz esbarram na posição dos Estados Unidos, que bloquearam uma declaração do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) que defendia a desescalada do conflito.

Por meio do Twitter, o presidente Jair Bolsonaro pronunciou-se sobre o conflito, na noite de ontem. “É absolutamente injustificável o lançamento indiscriminado de foguetes contra o território israelense. A ofensiva provocada por militantes que controlam a Faixa de Gaza e a reação israelense já deixaram mortos e feridos de ambos os lados”, escreveu. O presidente expressou condolências às famílias das vítimas e conclamou o “fim imediato de todos os ataques contra Israel”, além de manifestar apoio “aos esforços em andamento para reduzir a tensão em Gaza”.

Até o fechamento desta edição, a escalada de violência no Oriente Médio tinha deixado 71 mortos: cinco civis israelenses – incluindo um menino de 5 anos, o pai e a irmã –, um soldado das Forças de Defesa de Israel (IDF) e 65 palestinos, entre eles 16 crianças. Os governos do Egito e do Catar negociam uma distensão imediata entre o Hamas e o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. O presidente dos EUA, Joe Biden, telefonou ontem para Netanyahu e condenou os ataques do Hamas. “Ele transmitiu o apoio inabalável à segurança de Israel e ao legítimo direito de Israel de defender a si mesmo e o seu povo”, afirmou um comunicado da Casa Branca. Biden também transmitiu ao premiê o incentivo para que os israelenses encontrem um caminho para restaurar uma calma sustentável.

A ONU e a União Europeia (UE) exortaram as duas partes a evitarem as mortes de civis e a fazer “tudo o que for possível para prevenir um conflito mais amplo”. Por sua vez, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, defendeu que Israel receba “uma lição forte e dissuasiva”. A declaração foi dada durante telefonema para o colega russo, Vladimir Putin. Ao mesmo tempo, os dois líderes somaram-se ao pedido por uma “desescalada”. O presidente da Autoridade Palestina, Mahmud Abbas, acusou Israel de ultrapassar todas as linhas vermelhas. Uma proposta de cessar-fogo bilateral apresentada pelo Hamas foi rejeitada de forma unânime pelo gabinete de Netanyahu. O premiê reforçou que os assassinatos seletivos de comandantes do Hamas são “apenas o começo”.

Para Richard Falk, professor de relação internacional da Universidade de Princeton e ex-relator especial da ONU para a Palestina Ocupada (2008-2014), a tensão no Oriente Médio envolve potenciais consequências que podem, inclusive, se sobrepor até certo ponto. “Em primeiro lugar, existe o risco de uma violência ainda maior, com danos desproporcionais à Faixa de Gaza. Em segundo lugar, é possível a deflagração de uma terceira intifada (levante palestino), dotada de várias formas de resistência árabe, pelo menos enquanto Israel continuar com o seu plano de expulsar famílias palestinas do Bairro de Sheikh Jarrah, em Jerusalém Oriental”, afirmou à reportagem.

No Front 


As IDF divulgaram que cerca de 1,5 mil foguetes palestinos foram lançados contra Israel desde a segunda-feira. Um deles matou um menino de 5 anos, ao perfurar o mamad (quarto seguro) na residência da família, em Sderot. Na fronteira com Gaza, um soldado judeu foi morto por um míssil antitanque. No vilarejo de Dhamas, perto da cidade de Lod (Centro de Israel), Khalil Awad, de 52, e a filha Nadine morreram atingidos por um foguete. “Agora, é 1h10 (19h10 de ontem em Brasília) e as sirenes antiaéreas começaram a soar. Isso significa que os foguetes estão a caminho. Nós acabamos de escutar a explosão deles no ar”, contou ao Estado de Minas o israelense Ittay Guram, de 19, que trabalha como garçom em Jaffa, cidade portuária que se confunde com Telavive. “Não tenho medo, porque sei que Israel tem um bom sistema de defesa. Mas acho que ninguém merece viver isso.”

Morador da Cidade de Gaza, o jornalista e advogado Amer Alqadiry, de 33, estava confinado, em casa, com mais 15 pessoas. “Nossos dias são cheios de medo e de terror. Não existe lugar seguro na Faixa de Gaza, e os cidadãos não sabem como se proteger”, desabafou ao EM. “Eles se escondem em suas casas, que se transformaram em caixas da morte e em túmulos, nos quais podem ser enterrados durante os bombardeios. As fumaças dos foguetes cobrem o céu. Enfrentei três guerras aqui. Nunca vi nada como agora.” Segundo ele, a situação no enclave palestino é “apavorante”. “Estamos sob ataques aéreos com grandes mísseis da guerra de ocupação, em locais aleatórios.”



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