Jornal Estado de Minas

WASHINGTON

Congressista crítica de Trump é afastada da cúpula do Partido Republicano

Os republicanos da Câmara dos Representantes votaram nesta quarta-feira a favor do afastamento da cúpula do partido de Liz Cheney, crítica ferrenha de Donald Trump, um passo que cimenta a afinidade da sigla com o ex-presidente.



A 18 meses das eleições de meio de mandato (as "midterms") e ainda a três anos para a próxima corrida pela Casa Branca, o Partido Republicano puniu uma de suas correligionárias, que se nega a aderir à afirmação de Trump, sem qualquer evidência, de que os democratas cometeram fraude na disputa presidencial de 2020.

Conservadora do estado do Wyoming e filha do ex-vice-presidente Dick Cheney (na gestão de George W. Bush), Liz perdeu seu posto como número três do partido na Câmara.

"Não podemos voltar ao passado com as perigosas mentiras do ex-presidente", declarou Cheney após a decisão. "Vou fazer o que estiver ao meu alcance para garantir que o ex-presidente não volte nunca mais (ao poder)", completou.

"Tudo isso acabou" -

Logo após supervisionar a destituição de Cheney como número três do partido, o líder dos republicanos na Câmara dos Representantes, Kevin McCarthy, esteve na Casa Branca para uma reunião com o presidente Joe Biden.

"Não acho que alguém duvide da legitimidade da eleição presidencial", declarou McCarthy após o encontro o Biden. "Acredito que tudo isso acabou. Nos reunimos com o presidente".



Durante cerca de duas horas, Joe Biden reuniu-se pela primeira vez com os quatro líderes do Congresso: a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, o líder da maioria no Senado, Chuck Schumer, e os líderes das minorias republicanas, Kevin McCarthy e o senador Mitch McConnell.

"Saí animado", declarou Biden sobre o encontro, mostrando-se satisfeito ao "ver que há espaço para encontrar um compromisso em um projeto de lei" sobre infraestruturas.

O presidente democrata revelou no fim de março um plano de investimento de 2 trilhões de dólares voltado para a infraestrutura do país, a luta contra a mudança climática e também para serviços como a atenção à população da terceira idade.

Seu projeto é muito criticado pelos republicanos, favoráveis a investimentos mais limitados.

Desde então, as negociações nos bastidores avançaram lentamente no Congresso.

- "Culto à personalidade" -

Cheney havia se mostrado nos últimos dias resignada a perder seu lugar na hierarquia republicana, não sem antes exortar os correligionários a virar as costas ao "culto à personalidade de Trump".



A congressista foi uma dos 10 republicanos da Câmara que votaram para indiciar Trump por "incitamento à insurreição" durante o ataque ao Capitólio em 6 de janeiro.

O Senado acabou absolvendo o ex-presidente republicano.

Cheney, 54, sobreviveu a um primeiro voto de censura em fevereiro. Mas, desde então, a paciência de seus colegas, incluindo os críticos de Trump, tem se esgotado porque, em seu papel como número três, ela foi responsável por transmitir a mensagem do partido antes das eleições parlamentares cruciais de 2022.

A mensagem de Kevin McCarthy é clara: é impossível vencer sem mostrar uma frente unida.

Mas, no Capitólio, os legisladores continuaram mostrando suas divisões após a votação.

"Esta é a segunda vez que voto contra. Estou feliz que a bancada republicana tenha me acompanhado", disse à AFP a congressista Marjorie Taylor Greene, que no inverno compareceu ao Congresso usando uma máscara com a frase "Trump ganhou".

O senador republicano Mitt Romney, um dos maiores inimigos de Trump no partido, destacou a "integridade" de Liz Cheney.

"O melhor futuro para nossa democracia, assim como para meu partido, é defender a verdade", afirmou Romney à AFP.

McCarthy e o número dois da minoria republicana na Câmara dos Deputados, Steve Scalise, endossam uma jovem moderada apoiadora de Trump, Elise Stefanik, como substituta de Cheney.

Stefanik, ainda não tem um rival sério pelo cargo e os endossos dos influentes líderes do partido a tornam claramente a favorita.

Mas uma votação para um novo presidente da conferência ainda não foi definida, já que alguns republicanos temem que Stefanik, embora seja uma apoiadora ferrenha de Trump, não seja conservadora o suficiente.



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