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Estado de Minas CARACAS

Jogo político é retomado na Venezuela após nomeação de autoridades eleitorais


12/05/2021 21:23 - atualizado 12/05/2021 21:25

A nomeação de autoridades eleitorais abalou o jogo político na Venezuela. Ela abre as portas para novas negociações entre o presidente Nicolás Maduro e a fragmentada oposição, sem representar sérios riscos à continuidade do governante socialista no poder, segundo analistas.

Fortalecido, Maduro envia "acenos" para a comunidade internacional, em meio às duras sanções financeiras lideradas pelos Estados Unidos contra o país, em busca de uma reaproximação com o governo Joe Biden.

Enquanto isso, enfraquecidos pela estagnação da ofensiva de Juan Guaidó, os adversários do presidente tentam se rearticular. As eleições de governadores e prefeitos, este ano, podem servir para isso, após o boicote às eleições presidenciais de 2018 e às parlamentares de 2020. Os principais partidos políticos da oposição denunciaram ambas como fraudulentas.

Depois de meses negando qualquer possibilidade de retomar as negociações com Maduro, Guaidó propôs uma negociação com a observação internacional, pedindo novas eleições presidenciais e legislativas, em troca da "suspensão progressiva" das sanções.

"Aqui ninguém confia na ditadura", disse Guaidó nesta quarta-feira durante uma coletiva de imprensa convocada um dia depois de propor o acordo nas redes sociais. "Um acordo não vai vir de graça (...), terá que exercer essa maioria que somos, obter a pressão necessária".

"Com a ajuda da União Europeia, do governo da Noruega, do Grupo de Contato, quando queiram, onde queiram e como queiram, pronto para me reunir com toda a oposição", reagiu o governante chavista.

- "Oportunidade rara" -

Presidido por Pedro Calzadilla, ex-ministro de Maduro, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) continua dominado pelo chavismo, mas dois de seus cinco reitores estão ligados à oposição.

"Embora nada sugira que Maduro esteja pronto para fazer concessões que possam ameaçar sua permanência no poder, suas ações recentes dão indícios de querer negociar e podem oferecer uma rara oportunidade de mitigar a crise", publicou o "think tank" International Crisis Group.

A nomeação de autoridades eleitorais na semana passada pelo Parlamento, em que o partido de Maduro e seus aliados têm 256 dos 277 assentos, foi a última indicação.

Antes, a Venezuela aceitou a entrada no Programa Mundial de Alimentos da ONU depois de anos rejeitando essa ideia.

E também prendeu executivos venezuelano-americanos do petróleo com sentenças de 8 a 13 anos por corrupção.

São "acenos" à oposição interna e a Washington e à União Europeia, disse à AFP o diretor do instituto Datanálisis, Luis Vicente León.

"Maduro não tem ameaças confiáveis e decide que lhe convém ceder algumas coisas".

Os Estados Unidos - principais apoiadores de Guaidó - e a União Europeia foram prudentes ante a renovação do CNE, embora tenham ratificado seu apoio ao opositor.

Julie Chung, alta funcionária do Departamento de Estado, apoiou "os esforços" em prol de "eleições presidenciais e parlamentares livres", em alusão à proposta de Guaidó.

No entanto, Chung destacou antes que "depende dos venezuelanos decidir se o novo Conselho Nacional Eleitoral contribui para este fim".

A UE considerou que a nova diretriz é "um primeiro passo", embora tenha pedido gestos maiores.

A comunidade internacional, diz León, reavalia sua posição após "uma estratégia - reconhecimento a Guaidó e sanções para desbancar Maduro - que, goste ou não goste, fracassou".

- Divisão -

Diante da proposta de Guaidó, cuja popularidade despencou, deixando em um passado cada vez mais distante as multidões que o acompanharam quando foi reconhecido em 2019 presidente encarregado da Venezuela pelos Estados Unidos e meia centena de países, León acredita que a possibilidade de novas eleições presidenciais "é nula".

"De forma alguma Maduro avançaria em algo que o colocasse em perigo", comenta.

A popularidade do opositor, segundo o Datanálisis, caiu de 61%, em 2019, para 15%, hoje. Embora Maduro também não seja favorecido pelas pesquisas, com aceitação de 11%, ele cavalga a crise apoiado pelos militares.

Guaidó rejeita o novo CNE, mas, do outro lado da calçada da oposição dividida, o ex-candidato presidencial Henrique Capriles espera que sua renovação ajude a transformar as demandas eleitorais em elementos de remobilização.

"Meu chamado é para unificar todos os esforços", insistiu Guaidó.

Para o professor universitário Pedro Benítez, a nomeação do novo CNE é uma oportunidade para "reorganizar a estratégia" da oposição, apesar da "desconfiança generalizada" em um contexto com partidos anulados e dirigentes opositores presos, exilados ou inabilitados.

"É um avanço", pois "pode haver, pelo menos, observação", explicou.

"Não é suficiente", mas "o dilema (da oposição) não é votar ou não votar, o dilema real é se vai deixar continuar se pulverizando sem fazer nada", disse León.


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