Jornal Estado de Minas

WASHINGTON

Mercado informal ameaça travar recuperação nos países emergentes, alerta Banco Mundial

O mercado informal representa mais de 70% do emprego total nos países emergentes e em desenvolvimento, incluindo a América Latina, um nível que ameaça desacelerar a recuperação dessas economias após a recessão da covid-19, alertou o Banco Mundial nesta terça-feira(11).



Se os governos não adotarem "um conjunto abrangente" de medidas políticas para enfrentar a informalidade, a recuperação econômica da recessão causada pela pandemia ficará comprometida, afirmou a instituição ao publicar sua primeira análise sobre o assunto.

No relatório, intitulado "A longa sombra da informalidade: desafios e políticas", o Banco Mundial examina a abrangência do fenômeno e suas possíveis consequências para o desenvolvimento.

"Uma porcentagem surpreendentemente alta de trabalhadores e empresas em mercados emergentes e economias em desenvolvimento (EMED) opera fora do campo visual dos governos, representando um desafio que provavelmente retardará a recuperação dessas economias", relatou.

Alta informalidade significa limitar os recursos disponíveis para os Estados.

As receitas dos governos de economias emergentes que apresentam níveis de informalidade acima da média estão entre 5 e 12 pontos do PIB abaixo das de nações com menos informalidade e o mesmo ocorre com os gastos públicos.



Esta situação "limita a capacidade dos governos de desenvolver medidas de apoio ao orçamento que ajudem a controlar a pandemia e gerar uma recuperação robusta".

"Além disso, a capacidade dos bancos centrais de apoiar as economias é limitada por sistemas financeiros subdesenvolvidos associados à informalidade generalizada", disse o Banco Mundial.

Além disso, observou que grande parte do trabalho não declarado "mina os esforços políticos para desacelerar a disseminação da covid-19 e impulsionar o crescimento econômico."

Isso ocorre porque o acesso limitado à seguridade social significa menos chance de ficar em casa ou atender aos requisitos de distanciamento social.

Nas EMEDs, as empresas informais representam 72% das empresas do setor de serviços, destacou.

- O impacto na América Latina -

A informalidade varia muito de acordo com os países emergentes e em desenvolvimento e as regiões em que estão localizados.



No caso da América Latina e do Caribe, caiu nas últimas duas décadas: era equivalente a 35% do PIB oficial em 2010-18, ante 40% em 1990-99.

O emprego informal (medido pelo trabalho independente) em relação ao emprego total, porém, aumentou cerca de 2 pontos percentuais entre 1990-99 e 2010-18, para 36%.

E a crise do coronavírus certamente agravou essa situação.

"É provável que a pandemia de covid-19 tenha aumentado dramaticamente a parcela do emprego informal, pelo menos temporariamente, e ao mesmo tempo, os trabalhadores informais sofreram perdas de renda desproporcionalmente grandes", disse o Banco.

O estudo também observa que nas economias da América Latina e do Caribe, onde a eficácia do governo é baixa, a informalidade tende a ser alta.

O trabalho informal também tem impacto social: atinge mulheres e jovens com pouca preparação.

"Em meio à crise de covid-19, eles geralmente ficam para trás e têm acesso limitado a redes de segurança social quando perdem seus empregos ou sofrem graves perdas de renda", disse Mari Pangestu, diretora-gerente de Políticas de Desenvolvimento e Alianças do Banco Mundial.

Pangestu exortou as autoridades a continuarem tomando medidas para combater a informalidade.

"Reconstruir a economia global após a covid-19 significará mobilizar todos os reservatórios disponíveis de energia produtiva para gerar um desenvolvimento verde, resiliente e inclusivo. Esse esforço deve começar agora e não pode ser bem-sucedido sem a plena consideração dos desafios de covid-19 para o setor informal", completou.

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