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Estado de Minas MÉXICO

'Onde estão nossos filhos?!', gritam mulheres no Dia das Mães no México


10/05/2021 19:41

Milhares de mães de desaparecidos foram às ruas de várias cidades do México nesta segunda-feira (10) para exigir às autoridades que encontrem seus filhos, vítimas da violência e da impunidade.

"Não há nada para comemorar. Onde estão nossos filhos?!", clamava, furiosa, Yolanda Morán, enquanto avançava em uma cadeira de rodas por uma avenida da capital do México, que comemora hoje o Dia das Mães.

"Nós, mães, vimos lembar-lhes (às autoridades) que precisam procurá-los", continuou Morán, de 77 anos, exibindo uma foto de seu filho, Dan Jeremeel Fernández, desaparecido em dezembro de 2008 em Torreón (norte) aos 35 anos.

Vestida de branco e com uma rosa da mesma cor na mão, ela fala do esgotamento que sofrem.

"Não vivemos, sobrevivemos. A cada ano estamos mais velhas, mais cansadas, mais doentes", emendou.

Uma mulher passa ao seu lado vestindo uma camiseta com a frase: "Farei seu nome retumbar por todo o mundo!".

"Narco, militar, promotoria, a mesma porcaria!", diz o cartaz levado por uma idosa vestida de preto.

Entre o fim de 2006, quando o governo lançou uma polêmica ofensiva militar antidrogas, e dezembro passado, o México somava 80.500 denúncias de pessoas desaparecidas, segundo cifras oficiais.

Outras 300.000 foram assassinadas neste período, embora a contagem oficial não esclareça quantas delas foram vítimas do combate às máfias.

- "Medo" de denunciar -

A marcha da Cidade do México partiu do emblemático Anjo da Independência e terminou no Monumento à Revolução com um comício.

"Em Tamaulipas (nordeste) temos no mínimo 100 desaparecidos por dia, mas nem todos são denunciados por medo", grita no microfone Miriam Cabrera, de 44 anos, mãe de Romel Cabrera, desaparecido neste estado em junho de 2015.

Ao seu lado, Patricia Springton chora e acaricia fotos do seu filho, de seu esposo, sua cunhada e sua sobrinha, desaparecidos desde julho de 2010, quando viajaram a Nuevo Laredo, também em Tamaulipas.

"Vivemos desgastadas, sim, com medo, sim, mas não vamos parar" as buscas, acrescenta Cabrera com um grito abafado pelo choro.

Junto do enorme tapete que os manifestantes desenham com fotos de seus familiares, Marisa Trejo, de 54 anos, fala da "grande indiferença" que percebe nas autoridades.

O presidente Andrés Manuel López Obrador "fez muitas promessas de apoio e realmente nunca nos deu prosseguimento", diz.

"Vivo em protesto e luta, com o coração partido em dois porque no dia em que levaram meu filho também levaram a minha vida", acrescenta Trejo, mãe de Francisco Albabera, desaparecido em março de 2012 no estado do México (centro) quando ele estava a caminho da universidade. Ele tinha 22 anos.

Marchas similares foram celebradas nos estados de Nayarit (oeste), Sinaloa, Sonora (noroeste), Guanajuato (centro), entre outros.

No México há quase 100 organizações de parentes de desaparecidos, que exigem à justiça criar um banco de dados forenses.

Segundo informações oficiais, há pelo menos 38.500 corpos não identificados nos serviços de medicina legal do país.


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