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Estado de Minas RIO DE JANEIRO

Dor e lágrimas marcam enterro de vítimas de ação policial no Jacarezinho


08/05/2021 21:04

Com lágrimas e orações, os parentes de algumas das 28 pessoas mortas há dois dias durante uma sangrenta operação policial na favela do Jacarezinho, no Rio de Janeiro, começaram a enterrar seus entes queridos neste sábado (8), véspera do Dia das Mães.

"Quero justiça, peço justiça para todos, por todos, nós somos mães, eles são pais de família, então nós estamos sofrendo", declarou à AFP Edeluze, de 67 anos, ao enterrar o filho Márcio Bezerra, que deixou três filhos e dois netos.

"Os policiais subiram [na comunidade] matando os meninos, isso é uma crueldade", denunciou Miriam Bezerra no túmulo do irmão.

A ação policial de quinta-feira na favela do Jacarezinho foi considerada a mais mortal da história do Rio por organizações de direitos humanos. Um policial, enterrado na sexta-feira, também morreu na ação.

Segundo reportagens da imprensa, outras cinco pessoas foram sepultadas neste sábado em dois cemitérios do Rio em meio a cenas de dor. Neste domingo, outras 13 serão enterradas.

A sangrenta operação no Jacarezinho gerou protestos contra a polícia, uma onda de críticas de diversos setores da sociedade e um pedido da ONU para a abertura de uma investigação "independente" das denúncias de execuções sumárias pelas mãos de policiais.

A Polícia Civil, responsável pela operação, afirmou que todos os mortos eram "criminosos" e divulgou neste sábado os nomes dos 27 suspeitos.

A corporação garante que a operação no Jacarezinho, considerado um bastião do grupo criminoso Comando Vermelho, buscou desmantelar uma quadrilha que recrutava crianças e adolescentes para o crime.

A operação, realizada nas primeiras horas da quinta-feira, transformou o Jacarezinho em um campo de batalha, com cadáveres espalhados e poças de sangue nas ruas estreitas, segundo testemunhas.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, ordenou que o Ministério Público do Rio de Janeiro investigasse dois vídeos que circularam nas redes sociais em que policiais aparecem atirando indiscriminadamente.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu ao governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, "que esclareça as circunstâncias da operação" diante do possível "descumprimento" da decisão do STF de suspender esse tipo de ação nas favelas durante a pandemia.

A polícia garante que respeitou todos os protocolos e que disparou para se defender.

O presidente Jair Bolsonaro, que venceu as eleições presidenciais de 2018 com um discurso severo contra a criminalidade, fez questão de defender a ação policial.

"O energúmeno poderia, além de citar os direitos dos bandidos, nos informar onde eles conseguiram porte de arma de fogo", atacou o presidente no Twitter, junto com um curto vídeo de um analista do canal CNN Brasil que comentava a operação policial.


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