O pedido foi apresentado após a divulgação de uma fotografia de um dos membros do júri numa manifestação contra o racismo, que, no entanto, não foi mencionada pela defesa.
O advogado de Chauvin, Eric Nelson, pede "uma audiência para anular o veredito por conduta inadequada do júri, ameaças, intimidação e pressão que podem ter pesado ou o não cumprimento das instruções durante as deliberações", diz o documento enviado à Justiça.
Nelson também pede um novo julgamento sob o argumento de que o juiz se recusou a realocar o julgamento e isolar os jurados, que, segundo ele, foram influenciados pela imensa cobertura da mídia sobre o caso.
Após três semanas de debate e uma breve deliberação do júri de 12 membros, Chauvin - que foi filmado ajoelhado no pescoço de Floyd por mais de nove minutos - foi condenado pelo assassinato de Floyd em 20 de abril e imediatamente preso. Sua sentença está marcada para ser anunciada em 25 de junho.
Pouco mais de uma semana após o veredicto histórico, um dos jurados, Brandon Mitchell, um homem negro de 31 anos, deu várias entrevistas, com o objetivo de incentivar os afro-americanos a fazerem parte de júris. "Como votar, isso pode ajudar a trazer mudanças", disse ele.
Mitchell é um dos dois únicos membros do júri que foram publicamente identificados desde o julgamento de alto perfil.
Após as entrevistas, viralizou nas redes sociais uma foto em que é possível ver Mitchell usando uma camiseta com a imagem do líder dos direitos civis Martin Luther King Jr junto com a frase "Tire seu joelho de cima de nossos pescoços" e a sigla "BLM", do movimento Black Lives Matter.
Em um questionário, os jurados em potencial tiveram que responder se haviam participado de algum dos protestos contra a brutalidade policial que seguiram a morte de Floyd em 25 de maio de 2020.
Mitchell respondeu que não e que poderia servir no júri com imparcialidade. Em declarações ao jornal Minneapolis Star Tribune, Mitchell afirmou que a foto foi tirada em uma passeata em que ele compareceu em Washington em agosto de 2020 para homenagear o aniversário do famoso discurso "Eu tenho um sonho" de Martin Luther King.
Resposta "correta"
Jeffrey Frederick, um especialista em seleção do júri, argumentou que a resposta de Mitchell pode ser "tecnicamente correta", já que o evento em Washington foi anunciado como uma celebração, e não uma manifestação.
"Agora, cabe ao juiz interrogá-lo novamente para ver se ele teve algum preconceito ou se ele mentiu, e decidir se é sério o suficiente para afetar o resultado do julgamento", explicou Frederick à AFP. O especialista, porém, considerou improvável a realização de um novo julgamento.
Steve Tuller, outro especialista em seleção de júri, concorda: "Os juízes não querem anular julgamentos, especialmente em um caso em que houve um veredito e dadas as circunstâncias especiais deste caso".
"No final, acho difícil que a 'revelação' do júri possa mudar o veredito", completou.
Chauvin pode pegar até 40 anos de prisão pela acusação mais grave: homicídio em segundo grau.