O julgamento acontece de forma semipresencial na cidade de Mendoza, sem acesso da imprensa. Nenhuma das acusadas foi pessoalmente ao tribunal, mas participaram remotamente, indicaram fontes judiciais.
Este é o segundo processo em um caso que abalou o país natal do papa Francisco. Em 2016, dois padres católicos foram condenados a mais de 40 anos de prisão por abuso e estupro de crianças com entre 4 e 17 anos, cometidos entre 2004 e 2006, no Instituto Próvolo de Mendoza.
As acusadas de encobrir tais crimes são as freiras japonesas Kumiko Kosaka (46 anos) e a paraguaia Asunción Martínez (53), além da representante legal de Próvolo, uma psicóloga, uma cozinheira e quatro diretoras da instituição.
Kosaka enfrenta acusações de abuso sexual agravado, corrupção de menores e participante principal por omissão. Ela é a única em prisão domiciliar preventiva.
As demais são acusadas de corrupção de menores e participação por omissão.
Carlos Varela Álvarez, defensor das duas freiras, considerou que "há, sem dúvida, sentença condenatória midiática e social", em nota pública divulgada esta segunda-feira.
"Sobre elas, especialmente sobre Kumiko Kosaka, que está detida há quatro anos sem sentença, tudo já foi dito", disse ele, questionando o trabalho dos intérpretes da promotoria que traduziram as declarações de menores abusados em linguagem de sinais.
Estima-se que o processo dure cerca de seis meses e contará com mais de cem testemunhas.
- "Famílias na expectativa -
"As famílias estão na expectativa, é como se se abrisse um portal que possibilita muitas lembranças, uma tristeza infinita porque nada vai nos devolver tudo o que nos roubaram", disse à AFP Erica Labeguerie, irmã de Claudia, uma das vítimas, hoje com 27 anos e mãe de um filho.
Os demandantes e suas famílias esperam "que a justiça esteja à altura das circunstâncias, como esteve em 2019, porque sem essas pessoas nada teria sido possível", afirmou.
Em novembro de 2019, foram condenados por abuso sexual e estupro de menores o padre argentino Horacio Corbacho, a 45 anos de prisão, e o italiano Nicola Corradi, a 42 anos.
Ariel Lizarraga, pai de Daiana, a primeira denunciante, agora com 29 anos, afirmou que "os fatos existiram, estão provados".
"Elas encobriram tudo, as proibiam de aprender a língua de sinais para que ninguém soubesse", lamentou.
"Foi um complô muito grande e sustentado na época em que começou na Itália. A Igreja sempre se dedicou a encobrir, a esconder", disse Lizarraga.