Jornal Estado de Minas

PARIS

Irã 'brinca com a vida' de cineasta dissidente, denuncia a Anistia Internacional

O Irã "brinca com a vida" do cineasta dissidente Mohammad Nourizad, gravemente doente na prisão após ter sido torturado, inclusive com injeções de um produto desconhecido em suas genitais, denunciou a Anistia Internacional (AI) nesta sexta-feira (30).



Segundo a organização de defesa dos direitos humanos, Nourizad, que escreveu e dirigiu vários filmes, cumpre desde agosto de 2019 uma pena de mais de 17 anos de prisão por insultos ao guia supremo, o aiatollah Alí Khamenéi.

Sua saúde piorou desde que foi internado na prisão de Evin, em Teerã, porque lhe negam o "acesso a uma atenção médica especializada adequada para sua doença cardíaca e sua diabetes", disse a Anistia Internacional, destacando que os médicos solicitaram em vão que fosse hospitalizado.

"As autoridades iranianas brincam cruelmente com a vida de" Nourizad, disse a organização.

A AI informou sobre uma carta de Nourizad de abril passado na qual afirma que lhe injetaram uma substância desconhecida "oito vezes em pênis".

"Imediatamente, escrevi uma carta ao chefe da prisão pedindo que me enviassem urgentemente à Organização de Medicina legal para que me examinassem e determinassem a substância que me injetaram oito vezes. Não tive notícias desde então", diz o cineasta na carta.

A Anistia Internacional se declarou horrorizada com essas "torturas e outros tratamentos cruéis, desumanos e degradantes, incluindo estupros e a aplicação forçada de substâncias químicas".

A organização afirma que, como as autoridades não lhe escutam, o cineasta está recorrendo à automutilação para que lhe dêem atenção.

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