Mais de 740 pessoas morreram desde o golpe de Estado de 1º de fevereiro e um relator da ONU estimou o número de pessoas deslocadas em mais de 250.000, com a ameaça de desestabilização da região.
O chefe do exército birmanês, o general Min Aung Hlaing, participou no sábado de uma cúpula com as autoridades da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) em Jacarta.
Os dez Estados-membros desta organização chegaram a um consenso sobre um plano de cinco pontos a favor do "fim imediato da violência em Mianmar", segundo um comunicado.
A Asean também pretende nomear um enviado especial para "facilitar a mediação" entre todas as partes, uma personalidade que poderá visitar Mianmar.
- Encorajador -
No sábado à noite, um porta-voz do "Governo de Unidade Nacional" (GUN) - governo paralelo composto por deputados depostos principalmente do partido de Aung San Suu Kyi (Liga Nacional para a Democracia, LND) - descreveu como "encorajador" o apelo pelo fim da violência.
"É isso que o Governo de Unidade Nacional está pedindo", disse seu "ministro" para a cooperação internacional, o Dr. Sasa, que está na clandestinidade.
"Esperamos uma ação firme da Asean para restaurar a democracia e a liberdade para o nosso povo e para a região".
Os membros do GUN são procurados pelos militares golpistas por alta traição.
Durante a noite, o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, declarou que a UE continuaria a exigir a libertação dos presos políticos.
Além da repressão violenta, a Junta também restringiu os meios de comunicação, com cortes da internet por 70 dias e queda na cobertura móvel, barrando o acesso à informação.
- Tinta vermelha -
A mídia independente The Irrawaddy confirmou neste domingo que seu ex-editor, Thu Thu Tha, foi preso em Thanlyin, um porto perto de Yangon, a capital econômica.
"Apesar da presença de Min Aung Hlaing na cúpula da Asean, a repressão continua", disse o fundador do jornal, Aung Zaw, à AFP, acrescentando que a maioria de sua equipe estava escondida.
Enquanto o líder da Junta estava na capital indonésia, os militares reprimiram no sábado os protestos em todo o país, matando pelo menos um manifestante, de acordo com uma testemunha.
Os birmaneses voltaram às ruas neste domingo - da cidade de Hpakant ao estado de Karenni.
Em Myingyan (centro), onde a repressão brutal forçou os residentes a se esconderem em vilarejos vizinhos, os manifestantes pintaram alguns prédios com tinta vermelha para protestar contra o derramamento de sangue.
Em Tamwe, nos arredores de Yangon, a polícia e os soldados dispersaram uma pequena reunião pouco antes do meio-dia, espancando e prendendo três adolescentes.
O jornal oficial New Light of Mianmar noticiou a visita de Min Aung Hlaing a Jacarta, sua primeira viagem ao exterior desde o golpe, explicando que ele discutiu as "mudanças políticas" em Mianmar, mas sem menção ao consenso obtido na Asean para acabar com a violência.
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YANGON