Blinken iniciou assim uma semana de intensa diplomacia climática às vésperas da cúpula virtual convocada pelo presidente Joe Biden, que convidou 40 líderes mundiais, na quinta e na sexta-feira, a fim de aumentar as ambições do mundo sobre o clima.
Ao considerar as mudanças climáticas como um problema de segurança nacional, Blinken advertiu para um grande impacto em todo o planeta e os riscos para os Estados Unidos se não realizarem seus próprios esforços.
"É difícil imaginar os Estados Unidos ganhando uma competição estratégica a longo prazo com a China se não pudermos liderar a revolução da energia renovável", disse Blinken em um discurso em Anápolis, Maryland.
"Neste momento, estamos atrasados", acrescentou.
Embora o secretário de Estado tenha se referido à liderança da China na tecnologia solar e de outros tipos, a potência asiática também é o maior emissor de carbono do mundo e, de longe, o maior consumidor de carvão, a forma de energia mais suja que existe.
"Nossos diplomatas desafiarão as práticas dos países cuja ação ou inação está nos fazendo retroceder", afirmou Blinken.
"Enquanto os países continuarem a depender do carvão para uma quantidade significativa de sua energia, ou investirem em novas fábricas de carvão, ou permitirem um desmatamento de grandes proporções, eles ouvirão os Estados Unidos e nossos parceiros sobre o quão nocivas são essas ações", ressaltou.
- Tema político delicado -
O carvão é um tema político particularmente sensível tanto na China quanto nos Estados Unidos.
A China, apesar de sua promessa de se tornar neutra em carbono até 2060, avançou na construção de usinas de carvão. O ex-presidente republicano Donald Trump retirou os Estados Unidos do acordo climático de Paris e se declarou um defensor dos mineiros de carvão, embora a demanda por carvão continuasse diminuindo em seu país.
Blinken disse que "se os Estados Unidos não liderarem o mundo no enfrentamento da crise climática, não sobrará muito do mundo".
"Se tivermos êxito, aproveitaremos a maior oportunidade para criar empregos de qualidade em gerações; construiremos uma sociedade mais equitativa, saudável e sustentável; e protegeremos este planeta magnífico", afirmou em frente à baía de Chesapeake, tendo como som de fundo o gorjear dos pássaros.
Biden propôs um pacote maciço de infraestrutura de dois trilhões de dólares que inclui uma transição importante para a energia verde.
Espera-se que os Estados Unidos anunciem uma meta mais ambiciosa de redução das emissões de carbono até 2030 antes da cúpula.
- Rússia e Ártico -
Blinken também vinculou o impacto das mudanças climáticas à migração centro-americana, um tema cada vez mais complicado para Biden; e a uma maior competição no Ártico à medida que o gelo derrete e os cursos d'água se abrem.
Blinken destacou o aumento da atividade da China e especialmente da Rússia no Ártico.
"A Rússia está explorando esta mudança para tentar exercer controle sobre o novo espaço", disse o secretário de Estado, que confirmou sua participação em uma reunião na próxima semana na Islândia do Conselho do Ártico.
Este encontro poderia ser a primeira oportunidade para Blinken se reunir com o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, em meio às tensões crescentes entre os dois países, incluindo as sanções impostas na semana passada pelos Estados Unidos por suposta interferência eleitoral e ação de hackers por parte de Moscou.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, também pediu nesta segunda a adoção de medidas drásticas sobre o clima, ao afirmar que o mundo está "à beira do abismo", depois que 2020 se tornou outro ano entre os mais quentes já registrados, apesar da desaceleração econômica provocada pela pandemia do coronavírus.
WASHINGTON