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Estado de Minas PARÍS

Na linha de frente contra as mudanças climáticas, jovens ativistas sofrem ameaças


16/04/2021 06:22

Apenas algumas semanas depois que as forças de segurança filipinas supostamente mataram seu amigo e defensor dos direitos humanos, Melvin Dasigao, e outros oito ativistas, Mitzi Jonelle Tan voltou a sair às ruas em defesa da luta climática.

"Parem de financiar a nossa destruição!", gritou a jovem de 23 anos em frente ao banco britânico Standard Chartered em uma manifestação em Manila no mês passado contra o financiamento de usinas a carvão.

Assim como esta filipina, muitos jovens ativistas de países pobres que já sofrem as consequências das mudanças climáticas se mobilizam para fazer soar o alerta, expondo-se algumas vezes à repressão policial, à prisão e até mesmo à morte.

Pelo menos 212 militantes ambientais foram assassinados em 2019, um número recorde, segundo um relatório publicado em julho pela ONG Global Witness.

Mas muitos não se deixam intimidar.

"Estou disposta a correr esse risco porque estamos lutando pelo planeta em que vivemos", disse à AFP Tan, cujo país sofre com tufões cada vez mais potentes.

As Filipinas são o segundo país mais perigoso do mundo para os ativistas, depois da Colômbia, segundo a Global Witness.

A ONU condenou a morte de nove ativistas em 7 de março nas Filipinas, em operações contra supostos insurgentes comunistas.

- Da Bolívia ao Quênia -

A Bolívia, onde mora a jovem ativista Michel Villarreal, também é especialmente vulnerável ao aumento das temperaturas, com a multiplicação de incêndios florestais, inundações e o derretimento das geleiras, segundo um relatório publicado em dezembro pela ONG Oxfam.

E Villarreal denuncia a atuação das forças de ordem, como quando a polícia destruiu uma instalação com árvores durante uma manifestação em novembro passado em La Paz por ocasião do Dia Mundial da Infância.

"Foi muito triste. Só queríamos que as pessoas se dessem conta da situação em que vivemos", contou à AFP esta estudante de direito de 18 anos.

"Não conseguimos ter um impacto porque sempre estão nos freando e ameaçando", disse Villarreal.

Na África, o Quênia é responsável por menos de 0,1% das emissões globais de CO2, segundo o site Worldometer, mas sofre cada vez mais com secas e inundações.

O jovem Kevin Mtai viu chuvas torrenciais levarem parcialmente a casa da sua avó, assim como suas vagas e galinhas na região ocidental de Baringo em 2019.

Engajado desde então, Mtai participou em julho passado de uma campanha para exigir a paralisação da construção de um hotel no Parque Nacional de Nairóbi a fim de proteger a fauna local.

Os ativistas foram tachados de "turbulentos" por um alto funcionário da televisão e a partir de então, Mtai e um dos seus colegas começaram a receber ameaças.

"Eu me escondi, não queria que me encontrassem. No Quênia podem te matar e fazer você desaparecer", disse este jovem de 25 anos.

O Human Rights Watch denunciou no ano passado a impunidade dos autores de violações dos direitos humanos no Quênia.

Mas Mtai continua lutando e atualmente prepara um documentário sobre a exportação de resídios plásticos para o Quênia, como parte da campanha "África não é uma lata de lixo".

- "A última chance" -

A pandemia do coronavírus dificultou, no entanto, as ações de ativistas e muitos temem não poder estar presentes na COP26 sobre o clima, prevista para novembro em Glasgow (Reino Unido), devido à lentidão das campanhas de vacinação.

"As pessoas da minha idade e classe social na Nigéria não têm nenhuma esperança de serem vacinadas logo", disse à AFP Kelo Uchendu.

Este ativista da cidade de Enugu (sul) defende que "muita gente acredita que o problema é do Norte e que nós devemos nos concentrar sobretudo em flagelos como a corrupção ao invés das mudanças climáticas".

Mas este jovem de 25 anos destaca a importância de promover iniciativas ambientais também na Nigéria, país que é grande produtora de petróleo e principal economia da África.

Com vistas à COP26, a boliviana Villarreal destaca a importância de que os líderes mundiais incluam em suas políticas de recuperação econômica programas climáticos ambiciosos, visto que Glasgow é "a última chance" para garantir o futuro do planeta.


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