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Estado de Minas YANGON

Mianmar pode ser a próxima Síria, adverte ONU


13/04/2021 14:26 - atualizado 13/04/2021 14:26

A alta comissária da ONU para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, disse nesta terça-feira (13) temer que Mianmar afunde em um conflito generalizado como na Síria e alertou sobre possíveis crimes contra a humanidade cometidos pela junta militar contra a população.

Mianmar está imersa no caos desde o golpe militar de 1º de feveiro, no qual a junta derrubou a ex-líder civil Aung San Suu Kyi do poder.

Segundo um balanço realizado pela Associação de Assistência aos Presos Políticos (AAPP), a repressão provocou ao menos 710 mortes, entre elas 50 crianças. Cerca de 3.000 pessoas foram presas.

"Temo que a situação em Mianmar se dirija para um conflito generalizado. Os Estados não devem permitir que os erros fatais cometidos na Síria e em outros lugares se repitam", acrescentou Michelle Bachelet, pedindo aos Estados para "tomarem medidas imediatas, decisivas e eficazes" para obrigar a junta a interromper sua repressão.

"Há ecos claros de 2011 na Síria. Lá também vimos manifestações pacíficas reprimidas com força desnecessária e completamente desproporcional. A repressão brutal e persistente do Estado contra seu próprio povo levou algumas pessoas a pegarem em armas, o que foi seguido de uma espiral de violência em todo país", afirmou Bachelet em um comunicado.

Dez anos depois, o conflito na Síria deixou cerca de 400.000 mortos.

O golpe de Estado gerou inúmeras reações de condenação nas capitais ocidentais, às vezes acompanhadas de sanções contra a junta e seus interesses financeiros.

A repressão na questão judicial também não perde fôlego. Um tribunal militar de Yangon condenou sete manifestantes à morte, acusados de terem matado um suposto informante, segundo relatou um canal da imprensa estatal nesta terça-feira. Três dos manifestantes foram julgados à revelia.

Por outro lado, a junta também anunciou nesta terça-feira que dezenas de pessoas foram adicionadas à lista de procurados pelas autoridades, que já chega a 260, entre famosos, médicos e cidadãos comuns.

Muitos deles são acusados de propagar mensagens contra a junta e os médicos de terem atendido os manifestantes feridos em clínicas privadas, de acordo com a imprensa estatal.

- Mensagens pró-democracia -

Muitos opositores ao golpe defenderam boicotar nesta terça-feira o Festival das Águas, ponto de partida do festival de Thingyan, o Ano Novo budista, que é celebrado até sexta-feira.

Os moradores de Yangon, Monywa e Bafo colocaram nos vasos de flores - tradicionalmente usados nesse festival - mensagens a favor da democracia, antes de espalhá-los pelas ruas.

"Lutem pela democracia", "Nunca desistam" diziam algumas das mensagens nesses vasos que são, segundo um opositor em Yangon, um símbolo para receber o novo ano e ao mesmo tempo para "honrar os heróis mortos".

Habitantes de Mandalay, a segunda cidade do país, colocaram recipientes em uma estupa - um monumento budista - com a imagem de um cumprimento com três dedos da mão, símbolo da resistência.

Em uma mensagem no Twitter, a enviada da ONU para Mianmar, Christine Schraner Burgener, disse que "Thingyan deveria ser uma celebração feliz, mas infelizmente não há nada para celebrar em Mianmar".

A enviada da ONU começou pela Tailândia uma viagem diplomática na Ásia, mas Mianmar se recusa a recebê-la.

- Facções étnicas -

Facções étnicas armadas, muitas das quais apoiam abertamente o movimento de protestos, multiplicaram os ataques contra o Exército e a polícia nas últimas semanas.

O Exército respondeu com ataques aéreos que, segundo a Free Burma Rangers, uma organização humanitária cristã, deslocou mais de 24.000 civis no Estado de Karen (sudeste), até sábado passado.

A Free Burma Rangers, que administra um centro de saúde neste Estado, afirmou que os bombardeios deixaram ao menos 20 mortes e mais de 40 feridos. A AFP não conseguiu verificar este balanço com uma fonte independente.


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