"A liberação dos territórios ocupados temporariamente pela força levará inevitavelmente à morte de um grande número de civis e baixas militares, o que é inaceitável para a Ucrânia", afirmou Ruslan Khomchak, comandante das Forças Armadas ucranianas, em um comunicado.
A Ucrânia apoia uma solução "política e diplomática" para recuperar os territórios que perdeu desde o início deste conflito em 2014, destacou, denunciando "uma campanha de desinformação" liderada pela Rússia, com "alegações" que afirmam que o governo ucraniano estava planejando uma ofensiva.
A Ucrânia teme que o Kremlin, amplamente considerado o patrocinador militar dos separatistas apesar de negar, busque um pretexto para desencadear uma invasão.
O governo ucraniano e os ocidentais criticaram nos últimos dias a Rússia por ter concentrado tropas na fronteira ucraniana e na anexada península da Crimeia, enquanto os incidentes armados no leste são quase diários.
Desde o início do ano, 26 militares ucranianos foram assassinados nessa região, segundo Kiev.
Os separatistas das autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk informaram a perda de pelo menos vinte de seus militares no mesmo período.
Em comparação, a Ucrânia perdeu 50 soldados na região em 2020.
Diante das preocupações, o presidente ucraniano Volodimir Zelenski se deslocou para o front nestas quinta e sexta-feira, passando a noite com os militares.
- Apoio do Ocidente -
A Rússia acusa a Ucrânia de preparar uma ofensiva contra os rebeldes, ameaçando resgatar a população das áreas separatistas, onde foram distribuídos centenas de milhares de passaportes russos.
"O comportamento da parte ucraniana cria o risco de combates em grande escala", afirmou nesta sexta-feira o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov.
"Caso se iniciem os combates e se repita uma catástrofe humanitária semelhante na Srebrenica, nem um só país do mundo ficará à margem (...), incluindo a Rússia", acrescentou, referindo-se ao genocídio de 1995 na Bósnia.
A Ucrânia recebeu o apoio da chanceler alemã Angela Merkel, que "pediu que se reduza a presença militar russa no leste da Ucrânia" para permitir uma distensão, em uma conversa telefônica na quinta-feira com o presidente russo Vladimir Putin.
Os Estados Unidos se declararam "cada vez mais preocupados com a recente escalada dos ataques russos no leste da Ucrânia".
A porta-voz da Casa Branca, Jen Psaki, afirmou que o número de militares russos na fronteira da Ucrânia nunca foi tão alto desde o início do conflito em 2014.
Os Estados Unidos vão enviar dois navios de guerra ao Mar Negro através do estreito de Bósforo, segundo o ministério turco das Relações Exteriores, uma ação que poderia irritar Moscou neste contexto de tensões sobre a Ucrânia.
O governo russo afirma que seus movimentos de tropas não representam nenhuma ameaça. "A Rússia é livre para tomar medidas para garantir sua segurança" contra a "situação explosiva" na Ucrânia, afirmou Peskov nesta sexta-feira.
A porta-voz da diplomacia russa Maria Zakharova alegou que Berlim e Paris foram "impotentes" porque, em sua opinião, não conseguiram fazer com que Kiev respeitasse os acordos de paz de 2015.
A guerra em Donbass começou em abril de 2014, depois de uma revolução pró-ocidental na Ucrânia que também foi seguida pela anexação por Moscou da península ucraniana da Crimeia.
Este conflito causou mais de 13.000 mortes e cerca de 1,5 milhão de deslocados. A intensidade dos combates diminuiu consideravelmente depois dos acordos de paz de Minsk em 2015.
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