O número de menores não acompanhados registrou um aumento de 100% em um mês, ao somar mais de 18.000 crianças, de acordo com os dados da Fiscalização de Alfândega e Proteção de Fronteiras dos Estados Unidos (CBP).
Esses menores, admitidos nos Estados Unidos, representam um desafio logístico crescente para o governo, que deve abrigá-los enquanto espera reuni-los com um parente no país.
Na quarta-feira, as autoridades reportaram 20.000 crianças migrantes desacompanhadas, 4.228 sob responsabilidade do CBP e 16.045 sob custódia do Departamento de Saúde (HHS).
Para fazer frente ao aumento desses números, o governo habilitou bases militares e outros recintos para abrigá-los.
Segundo o jornal The Washington Post, o custo semanal para abrigar menores é de cerca de 60 milhões de dólares.
Os números na fronteira "estão em alta desde abril de 2020 devido a razões que incluem a violência, os desastres naturais, a insegurança alimentar e a pobreza no México e nos países do Triângulo Norte da América Central", disse a patrulha da fronteira.
"Isso não é algo novo", afirmou Troy Miller, comissário interino do CBP.
Os republicanos responsabilizam o governo por abrir as portas do país a quem atravessa ilegalmente a fronteira e por causar uma "crise" na região entre os Estados Unidos e o México.
O congressista republicano do Texas Roger Williams disse que é "uma tragédia que crianças tão novas, de apenas três anos, estejam tentando uma longa e perigosa jornada sozinhas".
"O governo Biden deve tomar medidas urgentes, pois a crise na fronteira continua a colocar as crianças em perigo", disse ele.
Para o congressista Jim Jordan "o caos na fronteira poderia ter sido evitado", mantendo a política do presidente anterior, o republicano Donald Trump.
- A maioria dos migrantes são expulsos -
A maioria dos migrantes vem do México e Honduras, El Salvador e Guatemala e, de acordo com o CBP, há uma tendência crescente de migração em grupos.
Segundo as autoridades, 60% dos migrantes que chegaram nos Estados Unidos - 103.900 pessoas - foram expulsos. Deles, 28% eram migrantes que já haviam sido deportados do país.
O governo de Joe Biden enfrenta crescentes pressões para administrar a situação na fronteira e abrigar os menores não acompanhados.
"Ninguém deve ter a expectativa de que isso será resolvido da noite para o dia", disse um alto funcionário que falou sob condição de anonimato. "O presidente tem um plano", garantiu.
Biden afirma que esse aumento das migrações é sazonal e apontou que haverá queda, mas os padrões dos anos anteriores mostram que esses picos não cedem até que o clima no deserto se torne extremo nos meses de maio e junho.
Na quarta-feira, a vice-presidente Kamala Harris - responsável por trabalhar com México, Guatemala, El Salvador e Honduras para abordar as causas fundamentais do fluxo de migrantes nos Estados Unidos - falou com o presidente mexicano Andrés Manuel López Obrador.
López Obrador afirmou que "existe disposição" por parte do México para somar vontades no combate ao tráfico de pessoas e proteção dos direitos humanos. No entanto, o presidente insistiu que a migração irregular só vai ser contida quando as causas que a propiciam forem atendidas.
O secretário do Departamento de Segurança Interna (DHS), Alejandro Mayorkas, viajou até a fronteira no Texas nesta quinta-feira e se reuniu com líderes comunitários, longe da mídia.
WASHINGTON