"As medidas de bloqueio (lockdown) constituem um remédio amargo, mas que são absolutamente necessárias em momentos de crise e colapso do sistema de saúde como a que o país vive agora, evitando mais mortes", afirmou a Fiocruz, vinculada ao Ministério da Saúde, em Boletim Extraordinário publicado na noite de terça-feira.
O relatório analisa as tendências da pandemia durante a semana de 28 de março a 3 de abril, quando dias com mais de 3.000 mortes foram registrados pela primeira vez. E antes de que na terça-feira, 6 de abril, mais de 4.000 mortes tivessem sido registradas.
O país sul-americano tem um total de quase 337 mil mortes por coronavírus, número superado apenas pelos Estados Unidos, com aumento exponencial nos últimos meses.
O Boletim indica que a ocupação de leitos em unidades de terapia intensiva (UTIs) está em "níveis críticos" em 24 dos 27 estados.
Os autores insistem na necessidade de "acelerar a vacinação", que enfrenta dificuldades em relação ao fornecimento de insumos.
As outras receitas têm pouca esperança de serem ouvidas: fortalecer medidas de isolamento, de maneira coordenada entre os três poderes e entre governo federal, estados e municípios. "Coerência e convergência são fundamentais neste momento de crise", destacam.
A luta contra o coronavírus é marcada no Brasil por polêmicas entre prefeitos e governadores que tentam impor medidas de isolamento social e o presidente Jair Bolsonaro, que se mostra crítico a essa iniciativa, alegando que elas têm impacto econômico negativo.
"É essencial neste momento a adoção, ou continuidade da adoção, de medidas urgentes, que envolvem a contenção das taxas de transmissão e crescimento de casos por meio de medidas de bloqueio ou lockdown", enfatiza a Fiocruz.
A taxa de contaminação "revela que o vírus permanece em circulação intensa em todo o país" e o conjunto de indicadores "mostram que a pandemia pode permanecer em níveis críticos ao longo de abril", acrescenta.
RIO DE JANEIRO