Jornal Estado de Minas

SÓFIA

Búlgaros votam em legislativas com premier favorito ao quarto mandato

Os búlgaros votam neste domingo (4) em eleições legislativas nas quais o partido de centro-direita do primeiro-ministro Boiko Borisov é considerado favorito - ainda que enfraquecido por protestos anticorrupção do ano passado -, em meio a uma provável baixa participação por causa da pandemia.



As pesquisas preveem outra vitória para o partido de centro-direita Cidadãos pelo Desenvolvimento Europeu da Bulgária (GERB) do primeiro-ministro, atribuindo-lhe entre 28% e 29% das intenções de voto ou 75 assentos dos 240 do Parlamento.

"É a falta de outras opções devido a uma oposição fragmentada e pouco convincente o que explica a hegemonia política do GERB", invencível desde 2009, avalia o cientista político Antony Todorov em declarações à AFP.

Borisov, que rejeita qualquer contato com a imprensa desde as manifestações, liderou a campanha pelo Facebook, onde transmitia diariamente suas visitas surpresa por todo o país, na direção de um 4x4, para falar com as pessoas. Seu lema é "Trabalho, trabalho, trabalho!".

No sábado, ele optou pelo silêncio. Apareceu em uma foto vestindo um terno preto, sozinho em um gramado com flores, com a mensagem "Às vezes é melhor ficar calado".

- Irritação -

A aparente serenidade contrasta com a tensão de meses atrás, quando milhares de búlgaros foram às ruas pedir sua demissão, após uma série de escândalos.



O dirigente de 61 anos apostou em deixar o tempo passar, negando-se a organizar eleições antecipadas. O movimento de protesto foi se apagando sob os efeitos do inverno e da pandemia de covid-19.

Ainda que seu partido vença, a vitória pode ser ofuscada por uma baixa participação em plena terceira onda do coronavírus.

O Alpha Research estima que talvez só vão às urnas 40% dos búlgaros.

A previsão é de que os socialistas fiquem em segundo lugar (20%-22%), mas divididos. Seu eleitorado com idade avançada poderia ser resistente a votar no contexto a pandemia.

- Compra de votos -

O voto de protesto irá para três novos partidos.

O apresentador de TV Slavi Trifonov, conhecido pelas críticas ao governo, parece o mais bem posicionado (13%), embora não tenha participado das manifestações.

Entre os que participaram, o "Bulgária democrática" da direita cidadã, apoiada pelos búlgaros no exterior, e o "De pé! Fora máfia" (esquerda), próximo ao presidente Rumen Radev, que pede uma renovação, poderiam chegar ao Parlamento (6% cada um).



Também se deve contar com o partido da minoria turca MDL (12%) e com os nacionalistas do VMRO, que participaram do governo em fim de mandato, mas estão perdendo fôlego.

As seções eleitorais abriram às 7h locais (1h de Brasília) e fecharam às 20h locais (14h de Brasília), quando foram divulgadas as primeiras pesquisas parciais de boca de urna.

Nestas consultas, o partido conservador do primeiro-ministro aparece na dianteira, com cerca de 25% dos votos. Este resultado seria nove pontos inferior ao obtido pelo partido nas eleições de 2017, enquanto vários partidos novos tiveram resultados melhores do que o esperado, graças ao voto de protesto.

O novo partido populista do apresentador de TV Slavi Trifonov, conhecido pelas duras críticas ao governo em fim de mandato, aparecia equilibrado com os socialistas, de acordo com as pesquisas.

Os resultados oficiais destas eleições só serão conhecidos na quinta-feira.

O fenômeno da compra de votos pelos partidos, que costuma afetar entre 5% e 19% dos votos, poderia se amplificar, advertiu esta semana a ONG Anticorruption Fund.

A explicação é que os eleitores subornados votam motivados, ao contrário dos demais, mais reticentes a votar devido à propagação da covid-19.

Também há suspeitas de fraude nas cédulas eleitorais de búlgaros residentes no exterior.



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