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Estado de Minas YANGON

Grupos rebeldes de Mianmar expressam apoio aos protestos contra o golpe de Estado


03/04/2021 09:26

Dez das principais facções rebeldes em Mianmar vão "rever" o acordo de paz assinado em 2015 com o Exército, em resposta à repressão mortal do regime militar ao movimento pró-democracia.

Mais de 12 mil deslocados fugiram dos bombardeios aéreos do Exército birmanês nos últimos dias, informou neste sábado (3) um desses grupos, a poderosa União Nacional Karen (KNU), que apelou às minorias étnicas do país a se unirem contra a Junta militar.

Desde a independência de Mianmar em 1948, muitas facções étnicas armadas estão em conflito com o governo central por maior autonomia, reconhecimento de sua especificidade, acesso aos muitos recursos naturais do país ou parte do lucrativo comércio de drogas.

Em 2015, o Exército chegou a um acordo de cessar-fogo com dez facções, incluindo a KNU, um dos maiores grupos armados do país.

Pouco depois do golpe de 1º de fevereiro que derrubou o governo civil de Aung San Suu Kyi, esses grupos rebeldes garantiram que continuariam com o cessar-fogo, apesar da repressão dos generais.

Desde então, "centenas de civis, crianças, adolescentes e mulheres foram assassinados" pelas forças de segurança, escreveram neste sábado em um comunicado.

Por este motivo, as dez facções, que iniciaram uma reunião de dois dias, vão "rever" sua posição no acordo de cessar-fogo, acrescentaram.

- Guerra civil? -

A KNU é especialmente violenta contra a Junta.

Em resposta ao banho de sangue das forças de segurança contra os opositores anti-golpe, a KNU apreendeu na semana passada uma base militar no estado de Karen, no sudeste, e matou 10 soldados.

Em retaliação, o Exército realizou ataques aéreos contra redutos da KNU, os primeiros em duas décadas nesta região.

"Muitos civis morreram, entre eles menores e estudantes. Escolas, casas e vilas foram destruídas", disse a KNU.

"Pedimos a todas as minorias étnicas do país (...) que realizem ações enérgicas e adotem sanções" contra os responsáveis, afirmou.

Por sua vez, o porta-voz da Junta militar, Zaw Min Tun, disse hoje à AFP que espera "que a maioria dos membros da KNU respeite o cessar-fogo".

Outros grupos armados já expressaram apoio à mobilização democrática e ameaçaram pegar novamente em armas contra a Junta, que reprime violentamente a contestação.

A emissária das Nações Unidas (ONU) para Mianmar, Christine Schraner Burgener, alertou esta semana para o risco "sem precedentes" de uma "guerra civil" no país.

Pelo menos 550 civis foram mortos a tiros pelas forças de segurança nos últimos dois meses, de acordo com a Associação de Ajuda a Presos Políticos (AAPP).

Poderia haver muito mais, já que mais de 2.700 pessoas foram detidas, sem acesso a familiares e advogados. Muitas estão desaparecidas.

Na sexta-feira, foram emitidos mandados de prisão contra várias figuras proeminentes no país, incluindo cantores e modelos, de acordo com a mídia estatal.

Três membros de uma família, incluindo duas irmãs, que falaram com uma correspondente da rede americana CNN, foram presos. "Oramos para que eles não tenham sido mortos", disse à AFP uma pessoa próxima.

Uma mídia local disse que eles fizeram a saudação de três dedos, um gesto de resistência, enquanto falavam com a jornalista.

A Junta também bloqueou o acesso à Internet para a grande maioria da população. Mas o movimento pró-democracia tenta encontrar alternativas para se organizar.

- "Esta loucura deve terminar" -

Em Dawei, no sul do país, jovens marcharam neste sábado com bandeiras vermelhas da Liga Nacional para a Democracia (NLD) de Aung San Suu Kyi.

Outras mobilizações foram realizadas em todo o país e pelo menos três pessoas morreram e várias ficaram feridos, disseram testemunhas à AFP.

"A Junta agora está usando granadas (...) metralhadoras e outras armas de guerra contra o povo birmanês. Essa loucura deve acabar", tuitou o relator especial da ONU Tom Andrews, pedindo o estabelecimento de um embargo de armas.

Mas o Conselho de Segurança da ONU continua dividido. China e Rússia se opõem categoricamente à ideia de sanções, ao contrário dos Estados Unidos e do Reino Unido, que já as impuseram.

Os militares, que fazem ouvidos moucos às condenações internacionais, justificaram o golpe por uma suposta fraude durante as eleições de novembro, que foram vencidas pelo partido da Prêmio Nobel da Paz.


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