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Estado de Minas ADIS ABEBA

G7 pede retirada das tropas eritreias da região etíope de Tigré


02/04/2021 10:15

Os países do G7 exigiram nesta sexta-feira (2) uma retirada "rápida, incondicional e verificável" das forças eritreias de Tigré, uma região no norte da Etiópia abalada por cinco meses de conflito.

Em 4 de novembro, o primeiro-ministro etíope Abiy Ahmed anunciou o envio do Exército federal para Tigré, a fim de prender e desarmar os líderes da Frente de Libertação do Povo Tigré (TPLF), o partido no poder na região. Ele acusou as forças da TPLF de realizar ataques contra campos militares.

As forças federais etíopes receberam apoio das forças da Eritreia, país que faz fronteira com Tigré. Abiy proclamou vitória no dia 28 de novembro, após a tomada da capital regional Mekele.

A presença de tropas eritreias - oficialmente negada por um longo tempo, apesar dos inúmeros relatos de moradores, ONGs, diplomatas e autoridades locais - foi publicamente admitida na semana passada por Ahmed, que anunciou ao Parlamento etíope que essas forças se retirariam.

"Saudando" este anúncio, os chanceleres do G7 exigiram nesta sexta que essa retirada seja "rápida, incondicional e verificável".

Também pediram "o fim da violência e o estabelecimento de um processo político claro, inclusivo e aceitável para todos os etíopes, incluindo os de Tigré".

As tropas eritreias são acusadas de atrocidades (massacres, estupros, saques...) em Tigré.

A Anistia Internacional e a Human Rights Watch afirmam que centenas de civis foram massacrados na cidade sagrada de Axum. A AFP também documentou um massacre supostamente cometido em novembro por tropas eritreias na cidade de Dengolat.

O chefe da administração interina da região de Tigré, Mulu Nega, disse à AFP esta semana que a retirada eritreia era "um processo" e não aconteceria imediatamente.

Moradores de várias cidades e vilarejos de Tigré entrevistados pela AFP disseram que os eritreus parecem ter aumentado sua presença em algumas áreas.

Pelo menos quatro caminhões de soldados de Asmara chegaram à cidade de Edaga Hamus desde o fim de semana passado, informou um morador, sob condição de anonimato.

"Desde que os soldados eritreus chegaram em Edaga Hamus, não saí de casa por medo de que me matassem", comentou.

Outras tropas também chegaram nos últimos dias à cidade de Senkata, segundo um morador, que disse "temer que os soldados eritreus estejam preparando um confronto em grande escala".

Questionado por e-mail esta semana sobre a retirada, o ministro da Informação da Eritreia, Yemane Gebremeskel, disse à AFP que as declarações de Abiy Ahmed foram "inequívocas".

No terreno, a situação está em um "impasse mortal e perigoso", estimou o International Crisis Group (ICG) em um relatório divulgado nesta sexta-feira.

De acordo com este centro de análise que trabalha na prevenção de conflitos, os combates continuavam até recentemente no centro e sul de Tigré e "as posições de ambos os campos indicam que o conflito pode durar meses, até anos".

A resistência militar em Tigré está agora "enraizada" e conta com o apoio da população, indignada com as atrocidades de que são acusadas as forças pró-governo, em particular eritreias.

Este ressentimento provavelmente aumenta o número de combatentes leais à TPLF, agrupados nas Forças de Defesa de Tigré, um movimento armado "liderado pelos líderes depostos e comandado por antigos oficiais militares".

A maioria dos líderes da TPLF segue foragida, apontou o ICG.

O acesso restrito, especialmente para trabalhadores humanitários e jornalistas, torna difícil estabelecer um número de mortos no conflito.

No mês passado, durante uma reunião com diplomatas em Mekele, um general etíope falou de uma "guerra suja" causando sofrimento às vítimas "indefesas".

Na quinta, pesquisadores da Universidade de Ghent (Bélgica) afirmaram em um artigo que identificaram 1.942 vítimas civis, das quais apenas 3% morreram em bombardeios e ataques aéreos.

Também registraram 151 "massacres", nos quais pelo menos cinco civis desarmados foram mortos.

Suas conclusões não puderam ser verificadas de forma independente.


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