Samuel Kasumu deixará em maio seu cargo como assessor especial sobre sociedade civil e comunidades, informou uma porta-voz de Downing Street.
"Kasumu desempenhou um papel incrivelmente valioso" e "qualquer sugestão de que esta decisão (...) está relacionada ao relatório da Comissão sobre Desigualdades Raciais e Étnicas (CRED) é totalmente equivocada", acrescentou.
Segundo o jornal Politico, o assessor apresentou sua demissão na semana passada e a comunicou aos seus colegas na quarta-feira pela manhã, quando foi publicado o polêmico relatório da CRED.
Kasumu trabalhava para incentivar mais pessoas de minorias étnicas a se vacinarem contra a covid-19 e o Executivo de Johnson acaba de lançar uma nova campanha de conscientização a respeito, com algumas das celebridades negras mais conhecidas do país.
O impacto desproporcional da pandemia nas minorias étnicas é um dos aspectos que foi subestimado no polêmico relatório apresentado na quarta-feira.
O texto afirma que embora o racismo ainda esteja presente no Reino Unido, é cada vez mais um fator "menos significativo" de desigualdade social, que o país não é "institucionalmente racista" e que podeira se "considerar um modelo para outros países com populações predominantemente brancas".
"É um trabalho muito interessante", embora o governo não esteja necessariamente "de acordo com absolutamente tudo o que diz", afirmou Boris Johnson nesta quinta-feira sobre o relatório.
"Temos que responder aos gravíssimos problemas que a nossa sociedade tem em relação ao racismo. Temos que fazer mais para corrigi-lo, temos que entender a gravidade do problema", acrescentou, prometendo uma resposta "no devido tempo".
Esta comissão foi criada por Johnson no ano passado devido aos protestos do movimento "Black Lives Matter", que levaram o Reino Unido a questionar seu passado colonial, a relação de algumas de suas empresas e personagens históricos com o tráfico de escravos e o tratamento dado às minorias.
O relatório provocou indignação e uma onda de críticas entre defensores da igualdade racial, que apontaram as grandes disparidades sofridas pelas minorias britânicas em questão de saúde, educação, emprego e controle policial.
A principal força da oposição, o Partido Trabalhista, afirmou que esses indicadores revelam a existência de um racismo estrutural nas instituições britânicas.
LONDRES