Os vídeos gravados pelas câmeras dos quatro policiais envolvidos na prisão de Floyd em 25 de maio de 2020 foram divulgados pelos promotores no terceiro dia do julgamento do ex-policial de Minneapolis Derek Chauvin.
As imagens mostram o momento em que Floyd é detido por supostamente usar uma nota falsa de 20 dólares em uma loja. As súplicas da vítima, que diversas vezes afirma não conseguir respirar enquanto é imobilizado com o rosto colocado no asfalto, também foram ouvidas.
Os outros três policiais envolvidos, Alexander Kueng, Thomas Lane e Tou Thao, serão julgados em agosto por "cumplicidade em homicídio".
O vídeo da câmera corporal de Lane mostra Floyd dizendo "por favor, não atirem", enquanto é retirado de seu carro do lado de fora de uma loja onde comprou um pacote de cigarros.
Em seguida, Floyd é algemado e levado para uma viatura polícial quando começa a ficar mais angustiado e inquieto com os agentes, que tentam colocá-lo no banco de trás do veículo.
"Em sou claustrofóbico, cara", diz Floyd repetidas vezes. "Não faz isso comigo".
Depois que Floyd cai na rua, ele é imobilizado por três agentes e Chauvin se ajoelha em seu pescoço.
A câmera corporal de Chauvin sai do lugar na confusão e cai sob o veículo, mas as câmeras dos outros policiais continuam funcionando.
Floyd diz repetidamente que não consegue respirar. "Mãe, eu te amo", diz ele. "Meu estômago dói, meu pescoço dói."
A certa altura, um dos policiais diz: "Acho que ele desmaiou" e pergunta se eles deveriam "colocá-lo de lado".
As imagens da câmera corporal continuam até que uma ambulância chega e leva Floyd inconsciente para o hospital, onde ele foi declarado morto.
- "Incredulidade e culpa" -
Além do vídeo das câmeras corporais, o julgamento contou nesta quarta-feira com o testemunho emocionado de um jovem caixa da loja que disse se arrepender de ter aceitado a nota falsificada de US$ 20 de Floyd.
"Se eu simplesmente não tivesse aceitado a nota, isso poderia ter sido evitado", lamentou Christopher Martin.
"Pensei que George realmente não sabia que era uma nota falsificada", contou ele. "Achei que estava fazendo um favor".
O caixa, porém, explicou que contou ao gerente da loja o que havia ocorrido e seu chefe chamou a polícia.
Martin descreveu que Floyd parecia "drogado" quando entrou na loja, mas que foi "muito amigável, acessível e falante".
"Ele parecia estar tendo um Memorial Day (feriado nos EUA) normal, apenas vivendo sua vida", relatou. "Mas parecia sim drogado".
Eric Nelson, o advogado de defesa de Chauvin, afirmou nas argumentações iniciais que a morte de Floyd foi causada por drogas e suas condições médicas prévias, e não por asfixia.
O caixa disse que saiu da loja quando ouviu "gritos e berros" do lado de fora. "Eu vi (Chauvin) com o joelho no pescoço de George no chão", contou. "George estava imóvel, mole."
Nas filmagens de uma câmera de segurança apresentadas ao júri, o jovem funcionário é visto, chocado, com as mãos na cabeça. Ao promotor, que perguntou o que ele sentia naquele momento, ele respondeu com a voz embargada: "incredulidade e culpa".
Também depôs nesta quarta-feira Charles McMillian, de 61 anos, que disse que passava pelo local naquele dia e parou para ver o que estava acontecendo.
Ao ser o primeiro espectador da cena, pode ser ouvido no vídeo dizendo a Floyd, já algemado, "você não pode vencer" e pedindo que entrasse no banco de trás do carro da polícia.
McMillian começou a soluçar enquanto o vídeo era exibido, tirando os óculos e enxugando os olhos com lenços de papel até que o juiz Peter Cahill pediu um breve recesso.
"Eu me senti impotente", disse McMillian, que também enfrentou Chauvin depois do incidente.
- Júri -
A sessão matinal do julgamento foi rapidamente interrompida quando um membro do júri, composto por nove mulheres e cinco homens, pareceu indisposto.
Os promotores tentam demonstrar ao júri que Chauvin não tinha justificativa para usar a perigosa manobra sobre o pescoço de Floyd.
O ex-agente, que passou 19 anos a serviço da polícia de Minneapolis, foi libertado sob fiança e se apresenta livre ao julgamento ao qual se declara não culpado. Ele pode pegar até 40 anos de prisão caso seja condenado pela acusação mais grave, o de homicídio em segundo grau.
O júri deve dar seu veredicto até o final de abril ou início de maio.
MINNEAPOLIS