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Estado de Minas BRASÍLIA

Bolsonaro substitui cúpula militar, após ampla reforma ministerial no Brasil


30/03/2021 19:57 - atualizado 30/03/2021 20:02

O presidente Jair Bolsonaro substituiu a liderança das Forças Armadas nesta terça-feira (30), um dia depois de destituir o ministro da Defesa no âmbito de uma ampla reforma ministerial decidida sob críticas por sua gestão caótica da pandemia do coronavírus.

A substituição dos comandantes Edson Pujol (Exército), Ilqes Barbosa (Marinha) e Antonio Carlos Bermudes (Aeronáutica) foi decidida em uma reunião em Brasília "com presença do ministro da Defesa, Braga Netto, e do ex-ministro, Fernando Azevedo", anunciou a pasta em um comunicado.

O ministério da Defesa não informou os motivos da decisão, sem precedentes na História do Brasil, segundo os comentaristas, nem os nomes das novas lideranças.

Os analistas avaliam que seja resultado do descontentamento dos três comandantes com a destituição do general Fernando Azevedo e Silva, reticente sobre as tentativas do presidente Jair Bolsanaro de politizar as Forças Armadas.

O ex-ministro Azevedo e Silva disse ao anunciar sua saída que durante sua gestão conseguiu preservar "as Forças Armadas como instituições do Estado".

O ministro-general "estava incomodado com a necessidade de apoiar formalmente as atitudes do presidente Bolsonaro quando utilizou o Exército para suas atividades políticas", escreveu o colunista Merval Pereira no jornal O Globo.

Um dos destituídos, o general Pujol, disse em uma transmissão em novembro que os militares "não querem fazer parte da política" ou que "a política entre nos quartéis".

- "Não há ruptura institucional" -

Bolsonaro, um ex-capitão do Exército admirador da ditadura militar (1964-85), colocou militares em postos-chave no gabinete e nos escalões inferiores do governo desde que assumiu o poder em janeiro de 2019.

Nas manifestações de seus apoiadores, muitas vezes aparecem faixas reivindicando um golpe militar sob sua liderança, resolvendo assim seus conflitos com o Congresso e o Supremo Tribunal Federal.

Bolsonaro discursou para uma multidão que exigia essa alternativa em 19 de abril de 2020, em Brasília.

A atual crise econômica e sanitária o forçou, no entanto, a se aliar aos tradicionais partidos do 'centrão', com vistas à sua possível reeleição em 2022.

"As mudanças respondem a uma lógica dupla: primeiro porque [Bolsonaro] precisa dar espaço para o 'centrão', e segundo porque está se preparando para a crise política que pode vir e quer estar cercado de pessoas extremamente leais, principalmente nas Forças Armadas", disse à AFP o analista Oliver Stuenkel.

A mudança simultânea na liderança das Forças Armadas gerou preocupações.

"Não bastasse a pandemia e o difícil momento econômico, há inquietação entre chefes militares.Espero que as FFAA se mantenham fiéis à Constituição. Mandamento que vale para todos os cidadãos. Mais ainda para os que temos a ver com a política. Equilíbrio e lei; ordem e progresso", escreveu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) no Twitter.

O vice-presidente Hamilton Mourão, general do Exército, descartou que haja risco de colapso institucional no Brasil.

"Você pode colocar quem quiser, não há ruptura institucional. As Forças Armadas estarão com a legalidade, sempre", afirmou em declarações ao portal G1.

- "Mudanças no tabuleiro" -

As mudanças na Defesa fazem parte da reforma lançada nesta segunda-feira por Bolsonaro, que há duas semanas nomeou o quarto ministro da Saúde em um ano, o cardiologista Marcelo Queiroga, no lugar do general Eduardo Pazuello.

O ministro das Comunicações, Fábio Faria, conversou com a CNN Brasil e disse que Bolsonaro "resolveu mudar algumas peças no tabuleiro", como "todos os governos" no meio do mandato.

Bolsonaro enfrenta uma pressão cada vez maior de seus aliados no Congresso, que pedem mudanças de curso em meio à sua contestada gestão de uma pandemia que já matou mais de 317.000 pessoas, com um recorde de 3.780 mortes nas últimas 24 horas.

Além disso, o presidente perde popularidade nas pesquisas, à medida que as condições econômicas pioram, a vacinação avança mais lentamente do que o esperado e os hospitais estão à beira do colapso.

Das seis mudanças ministeriais anunciadas na segunda-feira, uma das principais foi a do chanceler Ernesto Araújo, acusado de ter prejudicado a compra de vacinas contra a covid-19 por conta de suas tensões com a China e seu alinhamento com Washington durante o governo do ex-presidente Donald Trump.

Ele será substituído por Carlos Alberto Franco França, diplomata de formação de 56 anos, que serviu como funcionário da assessoria especial da Presidência da República, com um perfil menos ideológico.

Congresso).


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