Jornal Estado de Minas

ROMA

Escândalo em Sicília por falsificação de dados sobre a pandemia

A suposta falsificação dos números sobre a pandemia em Sicília desencadeou um escândalo na Itália, levando o responsável da Saúde da ilha a renunciar nesta terça-feira (30), apesar de negar seu envolvimento no caso.



"Quero enfatizar que em Sicília a epidemia sempre foi monitorada com muito cuidado (...). Não precisávamos esconder o contágio ou reduzir o impacto epidemiológico", afirmou Ruggero Razza após anunciar sua demissão.

Com base no número de casos, mortes e testes realizados, dados que as regiões transmitem diariamente ao governo central, são decididas as restrições para cada região com o objetivo de conter os contágios de covid-19.

Suspeita-se que a transmissão de dados falsos evitou a tomada posterior de medidas restritivas.

"Leia os dados sobre as mortes", pediu Ruggero Razza à chefe do departamento regional de atividades de saúde, Maria Letizia Di Liberti, segundo as escutas telefônicas citadas pelo jornal Il Corriere della Sera.

Di Liberti era a responsável por transmitir os dados da pandemia em Sicília às autoridades de saúde de Roma.

Segundo a imprensa, ela aumentou o número de testes realizados e transmitiu informação falsa ao Instituto Superior de Saúde (ISS), responsável por assessorar o governo central sobre as medidas de saúde pública contra a pandemia.



Vários membros do departamento siciliano de saúde, incluindo Maria Letizia Di Liberti, foram acusados de falsificar repetidamente os dados sobre a pandemia na ilha e estão em prisão domiciliar a partir de hoje por alteração de certificados.

Os dados comunicados ao ISS influenciaram as decisões tomadas por Roma, que toda semana define as restrições para cada uma das 20 regiões segundo uma cor: amarelo (risco moderado), laranja (risco médio) e vermelho (risco alto).

Os celulares dos funcionários envolvidos foram confiscados e, segundo a investigação, o presidente da região de Sicília, Nello Musumeci (direita), de quem Ruggero Razza é o pupilo político, não está envolvido.

A pandemia já cobrou a vida de mais de 108.000 pessoas na Itália, de acordo com dados do Ministério da Saúde.

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