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Estado de Minas BRASÍLIA

Baixas no governo Bolsonaro em plena crise política e sanitária


29/03/2021 18:55

O governo do presidente Jair Bolsonaro passa por uma reorganização nesta segunda-feira (29), após as saídas do chanceler e do ministro da Defesa, em meio a um Brasil sob forte tensão pelo fracasso na luta contra a pandemia do coronavírus.

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, um ideólogo do "antiglobalismo", e o general da reserva Fernando Azevedo e Silva faziam parte do gabinete desde a chegada do presidente ao poder, em janeiro de 2019.

A saída de Azevedo e Silva, parte da ala militar do governo, pegou de surpresa o país e até agora desconhecem-se suas causas, salvo uma possível reorganização ministerial que também poderia implicar outras pastas estratégicas, como a Casa Civil e o Ministério da Justiça, segundo analistas.

"Saio na certeza da missão cumprida", expressou o militar de 67 anos, sem especificar se foi uma renúncia ou demissão decidida pelo presidente.

Somada à do general Eduardo Pazuello, substituído no comando do Ministério da Saúde pelo cardiologista Marcelo Queiroga, há duas semanas, esta é a terceira baixa de um importante membro do governo, que enfrenta uma brutal piora da pandemia, que já deixou mais de 313.000 mortos no país.

Araújo, de 53 anos, em cruzada contra o "globalismo" - definido pela "ideologia de gênero" e "a ideologia da mudança climática" -, acabou por apresentar sua renúncia diante de uma avalanche de críticas do Congresso que atribuem a seus enfrentamentos com a China a dificuldade do Brasil em comprar vacinas e insumos anticovid.

O chanceler demissionário "tomou a decisão e apresentou a renúncia", disse à AFP uma fonte do Itamaraty, que pediu para ter a identidade em sigilo.

- Mudanças sob pressão -

"Não está clara para mim a motivação da saída do ministro da Defesa: se o presidente quer o cargo para algum aliado ou se o general deixa o posto por alguma discordância política grave com Bolsonaro", disse à AFP o cientista político Mauricio Santoro, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Mas no caso de Araújo e Pazuello, "a má resposta do governo à pandemia foi a causa mais imediata e influente", acrescentou.

A gestão de Araújo se distinguiu por um alinhamento automático com a diplomacia do ex-presidente americano Donald Trump, a ponto de o Brasil ser o último país do G20 a reconhecer a vitória de Joe Biden nas eleições americanas.

Esse alinhamento foi visto principalmente em suas polêmicas com a China (principal parceira comercial do Brasil), que prejudicou o lobby do agronegócio brasileiro.

No ano passado, ele saiu em defesa do deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente, criticado pelo embaixador chinês em Brasília por ter afirmado que o Brasil buscará "uma aliança global para um 5G seguro, sem espionagem da China".

Seus críticos culpam essas atitudes por grande parte dos atrasos na obtenção de suprimentos de vacinas contra a covid-19.

"A causa mais importante para a queda do ministro foi a dificuldade brasileira de acesso às vacinas", disse Santoro à AFP.

"Mas também pesaram muito fatores como conflitos sobre meio ambiente e suas dificuldades de diálogo com os principais parceiros comerciais do Brasil: China, EUA, Argentina, União Europeia", avaliou.

Segundo fontes diplomáticas, a Índia, outro grande produtor de vacinas e integrante do grupo de países emergentes BRICS, também se incomodou com a recusa do Brasil em aderir às propostas de Nova Délhi de quebrar as patentes dos grandes laboratórios que fabricam vacinas contra o novo coronavírus.

A vacinação no Brasil, iniciada em janeiro, teve várias interrupções. Até o momento, apenas 13,6 milhões de pessoas foram vacinadas com a primeira dose e 4 milhões com a segunda, em um país com 212 milhões de habitantes.

A doença, por sua vez, causa estragos com uma média de quase 2.600 mortes diárias nos últimos sete dias, quase quatro vezes o número do início do ano.


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