Dois líderes das Forças Democráticas Sírias (SDF, integradas por milícias curdas e vários grupos rebeldes) confirmaram à imprensa a operação, e um deles afirmou que as SDF receberam a cooperação da coalizão internacional que luta contra o EI.
O grande acampamento, localizado no nordeste do país em guerra, se transformou em uma verdadeira cidade de barracas e abriga quase 62.000 pessoas, 93% delas mulheres e crianças, de acordo com a ONU, que faz advertência frequentes sobre a deterioração da segurança no local.
Desde o início do ano pelo menos 40 pessoas morreram em atos de violência no campo, informa o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH). Al Hol abriga famílias sírias e iraquianas, assim como estrangeiros procedentes da Europa ou Ásia, com seus filhos.
Na madrugada deste domingo, as forças curdas iniciaram uma "importante operação de segurança (...) contra o grupo Estado Islâmico" no acampamento e no vilarejo adjacente, onde acontecem operações de busca, segundo o OSDH.
A coalizão internacional anti-EI, liderada por Washington na luta contra os extremistas, dá "apoio em termos de inteligência e vigilância aérea", afirmou uma das fontes das SDF entrevistados pela AFP.
A operação foi executada em particular pela milícia curda Unidades de Proteção Popular (YPG) e a polícia local, informou à AFP o diretor do OSDH, Rami Abdel Rahman, que citou ainda a instauração de um toque de recolher.
"Mais de 30 mulheres e homens foram detidos. As detenções continuam", afirmou.
Os detidos de famílias sírias ou estrangeiras são "suspeitos de apoiar o EI", afirmou Abdel Rahman.
O campo já registrou vários incidentes, alguns deles com a intervenção de partidários do EI, incluindo tentativas de fugas e ataques contra guardas ou trabalhadores humanitários.
Os funcionários curdos responsabilizam células do EI pelos assassinatos cometidos, mas uma fonte dos serviços humanitários também apontou fortes tensões tribais.
À frente da luta contra o EI na Síria, as SDF, apoiadas por Washington, anunciaram em 23 de março de 2019 a queda do "califado" do EI, com a tomada do último reduto extremista de Baghuz após batalhas mortais e devastadoras.
Porém, dois anos depois, o grupo extremista voltou a executar ataques violentos no vasto deserto sírio, tanto contra as forças curas como contra o as tropas do exército do regime de Bashar al Assad.
E isto sem contar os 11.000 extremistas que estão detidos em prisões curdas, de acordo com a ONU, e suas esposas e filhos retidos nos campos, que alguns especialistas chamam de "bombas relógio".
"Alguns detidos consideram Al Hol o último vestígio do 'califado'", afirmou em fevereiro a ONU em um relatório, que indica ainda que quase 10.000 mulheres e crianças estrangeiras estão em uma área anexa reservada para elas.
"Já foram reportados casos de radicalização, de formação, de arrecadação de fundos e incitação a operações externas", indicou o relatório. "Alguns menores são doutrinados e preparados para virar futuros combatentes do EI".
As autoridades curdas pedem aos países envolvidos que repatriem mulheres e crianças.
Mas a maioria dos países, sobretudo os europeus, relutam e assumir a responsabilidade por seus cidadãos. Alguns, como a França, repatriaram um número restrito de crianças órfãs.
BEIRUTE