Jornal Estado de Minas

PARIS

Banco de dados internacional permite troca de informações sobre jihadistas

Cerca de trinta países estão participando do desenvolvimento de um projeto digital de troca de dados confidenciais sobre organizações jihadistas de todo o mundo, que pode alimentar ações judiciais, reportou o jornal francês Le Monde nesta quinta-feira (25).



Segundo reportagem publicada na edição de sexta-feira do jornal, o projeto "Gallant Phoenix", liderado pelos Estados Unidos, já existe desde 2016 e está instalado em uma base militar americana na Jordânia.

Seu objetivo é "inventariar e centralizar todos os vestígios deixados pelos jihadistas, seja qual for seu perfil, em todo o mundo, para processá-los de qualquer maneira.

Essas "provas de guerra" vêm "de tudo o que poderia ter sido deixado como traços na web e redes sociais ou abandonado em terra por grupos jihadistas, ou que eles tinha em mãos ao serem presos", esclarece o jornal.

O Le Monde cita como principais contribuintes o exército iraquiano, as forças curdas, os países-membros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e a coligação internacional anti-jihadista no Levante.

"Todos os exércitos do mundo sempre tiveram o cuidado de coletar os impactos deixados por seus inimigos. Mas, em outras épocas, esses elementos permaneciam em grande parte sob o poder dos serviços de inteligência militar. Com o 'Gallant Phoenix', a metodologia de coleta dessas evidências foi estruturada e sistematizada", explica a matéria.



A França aderiu ao projeto em 2017, de acordo com o Le Monde, que afirma que cerca de 700 documentos ligados a 500 supostos jihadistas foram apresentados em processos de terrorismo.

Consultado pela AFP, o Ministério da Defesa francês não quis comentar, mas a Procuradoria Antiterrorista (PNAT) confirmou a participação da França.

No caso intitulado "Ulises", ligado a uma operação que conseguiu confundir os líderes do Estado Islâmico, dois franceses e um marroquino, acusados de planejar um massacre em Paris, foram condenados em fevereiro a duras penas de 22 a 30 anos de prisão.

"As oito provas de guerra produzidas na audiência vêm justamente desse programa de cooperação jurídica franco-americano", disse à AFP Benjamin Chambre, procurador que representou a PNAT no julgamento.

O Gallant Phoenix não aparece como tal nos documentos da acusação nesse caso. Porém, todas as informações obtidas pelos serviços de inteligência e polícia estrangeiros são mencionadas em vários pontos. E, durante o julgamento, o procurador-geral fez diversas menções a "provas de guerra".

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