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Estado de Minas BRUXELAS

UE disposta a retomar relação com a Turquia, mas dá condições a Erdogan


25/03/2021 22:13 - atualizado 25/03/2021 22:13

A União Europeia pediu nesta quinta-feira (25) ao presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, gestos para relançar as relações com a Turquia e pôs Ancara sob vigilância até junho para marcar sua desaprovação com a deterioração dos direitos e liberdades no país.

Os líderes da União Europeia reunidos em uma cúpula por videoconferência aprovaram uma estratégia "progressiva, condicional e reversível" para reforçar a cooperação em "um certo número de campos de interesse comum", segundo a declaração aprovada pelos dirigentes.

"Temos um marco para melhorar nossas relações, mas é indispensável que a Turquia modere seu comportamento. Portanto, nos manteremos prudentes", explicou o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, ao final da cúpula.

A UE está disposta a modernizar a União Alfandegária, retomar o diálogo de alto nível e facilitar os trâmites dos vistos para os cidadãos turcos. Michel anunciou que prepara com Ancara uma visita "em abril".

"Mas se a Turquia voltar a realizar ações unilaterais e se lançar a provocações, suspenderíamos as medidas de cooperação", advertiu.

A Turquia criticou as conclusões da cúpula com a UE, embora tenha prometido responder com "passos positivos" aos eventuais gestos dos 27.

"Apesar de ter destacado a necessidade de uma agenda positiva, constatou-se que o informe foi escrito de um ponto de vista unilateral e sob a influência das alegações de alguns países-membros de mente estreita", lamentou o ministério turco de Relações Exteriores em um comunicado.

Os europeus desejam normalizar as relações com a Turquia após um ano de tensões. Mas pedem ao presidente turco que deem demonstrações de sua vontade de apaziguamento e resolva em particular os contenciosos com a Grécia e o Chipre, que se retire da Líbia e respeite os direitos fundamentais em seu país.

Devido à nova onda de contágios pela covid-19, a cúpula foi realizada por videoconferência, um formato que não permite os debates.

As conclusões sobre a Turquia, preparadas por Charles Michel, foram aprovadas antes da intervenção do presidente americano, Joe Biden.

Convidado a se somar aos dirigentes europeus, Biden se conectou às 20h45 (16h45 de Brasília) para um intercâmbio sobre o combate à pandemia e a reconstrução das relações entre a UE e os Estados Unidos, deterioradas durante o governo de Donald Trump.

As relações entre Washington e Ancara tampouco estão em sua melhor fase. Mas os americanos e os europeus se recusam a cortar os laços com os turcos.

A Turquia tem uma importância "estratégica" para os europeus, reiterou a chanceler alemã, Angela Merkel.

Ancara aceitou controlar suas fronteiras com a UE para impedir a entrada ilegal de migrantes e refugiados por seu território e há dez anos recebe cerca de 4 milhões de sírios que fugiram da guerra em seu país.

A UE prepara a continuidade do financiamento dos sírios em Turquia, Líbano e Jordânia.

- "Ninguém é iludido" -

Os europeus ficaram incomodados com o comportamento "agressivo" do presidente turco no ano passado e não confiam muito nele.

"Observamos uma ausência de sinais negativos desde o começo do ano, mas ninguém é iludido, já que vários fatores explicam esse comportamento: a troca de presidente nos Estados Unidos, a fragilidade da economia turca e as consequências de possíveis sanções europeias", explicou um diplomata europeu à AFP.

A decisão do presidente turno de abandonar a convenção de Istambul contra a violência machista no dia seguinte de um encontro com Charles Michel e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, foi vista com repulsa.

Angela Merkel considerou um sinal "muito, muito lamentável".

"As questões ligadas ao Estado de direito são o DNA da UE e fazem parte das discussões com a Turquia", disse Michel.

O presidente turco foi convidado a evitar qualquer comportamento hostil aos Estados-membros, depois de Ancara e Paris voltarem a se envolver em um novo conflito após a acusação do presidente francês, Emmanuel Macron, sobre futuras tentativas de ingerência da Turquia na próxima eleição presidencial francesa.

"Nos próximos meses haverá uma vigilância crescente para determinar, em junho, se há condições para retomar" a relação, explicou o diplomata.

"Se for constatado um retrocesso, a UE saberá defender seus interesses. Os instrumentos estão prontos", disse.

O relatório preparado pelo chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, cita várias opções, entre elas sanções para o setor turístico turco.


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