"Há um aumento significativo do número de pessoas que chegam na fronteira nos meses de inverno - janeiro, fevereiro e março -" porque os migrantes "podem viajar com menor probabilidade de morrer no caminho devido ao calor do deserto", disse o presidente democrata em sua primeira coletiva de imprensa.
Os republicanos acusam Biden de ter incentivado milhares de imigrantes em situação ilegal, inclusive muitos menores desacompanhados, a entrar nos Estados Unidos, ao relaxar a política migratória do seu antecessor, Donald Trump.
Pero para o líder da minoria republicana no Senado, Mitch McConnell, "a crise da fronteira não é só algo sazonal".
"O Escritório de Alfândega e Proteção Fronteiriça (CBP) está registrando a maior alta de detenções nos últimos 20 anos e os menores desacompanhados estão se acumulando em centros fechados", acrescentou o legislador.
As críticas da oposição se multiplicaram e o influente senador Lindsey Graham acusou Biden de ter feito mudanças que criaram um "tsunami virtual humano".
Ao assumir o cargo, o presidente democrata suspendeu as deportações de migrantes por cem dias, avalizou um projeto de lei para oferecer uma via para a cidadania aos 11 milhões de imigrantes sem documentos que - estima-se - vivam no país e começou a admitir alguns solicitantes de asilo que estavam esperando há meses no México.
Mas Biden afirmou que o aumento do fluxo migratório havia começado antes de chegar à Casa Branca, em 20 de janeiro. "Não vou me desculpar por abolir políticas que violaram o direito internacional e a dignidade humana", disse.
"Não estamos mais falando de pessoas tirando os bebês das mãos de suas mães", disse, em alusão à política de Tolerância Zero, implementada por Trump, durante a qual milhares de famílias foram separadas em 2018.
- Um "cara legal" -
Biden considerou "lisonjeira" a ideia de que atraiu novos migrantes com sua imagem de "cara legal". Mas, para ele, esse não é um motivo para o aumento do fluxo de migrantes, majoritariamente centro-americanos.
"O povo deixa Honduras, Guatemala, El Salvador antes de tudo pelos terremotos, pelas inundações, pela falta de alimento, pela violência e as gangues", disse.
Em fevereiro, mais de 100.000 migrantes sem documentos foram detidos na fronteira sul americana, inclusive quase 9.500 menores desacompanhados e estas chegadas se aceleraram ainda mais no mês de março.
As autoridades americanas estavam a cargo de mais de 15.000 jovens desacompanhados até a terça-feira, inclusive quase 5.000 em postos fronteiriços que, segundo eles mesmos não são aptos para crianças.
Para melhorar a atenção aos menores, o governo planeja abrir novos centros de acolhida temporários, especialmente em bases militares do Texas, que poderiam abrigar 5.000 leitos para alojar as crianças migrantes, afirmou Biden.
O presidente também disse que os Estados Unidos estão permitindo o ingresso de várias famílias de migrantes porque o México se nega a aceitar seu retorno.
"Estamos em negociações com o presidente do México, acho que veremos esta mudança", afirmou. "Todos deveriam retornar".
WASHINGTON