Jornal Estado de Minas

AL WALAJAH

Cansaço para os israelenses ou esperança para os palestinos, duas formas de enfrentar as eleições

Depois de quatro eleições em menos de dois anos, os israelenses atingiram o "cansaço" eleitoral esta semana. Os palestinos, por outro lado, estão ansiosos por sua primeira eleição em 15 anos, marcada para maio.



Nesta terça-feira (25), Itza Israeli votou pela quarta vez desde abril de 2019. "É cansativo, exaustivo, exasperante", disse esta psicóloga israelense à AFP ao deixar seu centro de votação em Jerusalém.

O cenário político israelense está totalmente dividido há mais de dois anos e os partidos não conseguem formar ou manter uma coalizão governamental.

As eleições de terça-feira, marcadas pelos lados pró e anti-Benjamin Netanyahu - primeiro-ministro no poder desde 2009 - tiveram o menor comparecimento desde 2013 (67,2%). E teme-se que os resultados não consigam desbloquear a situação e eles terão que voltar às urnas pela quinta vez.

A poucos quilômetros do bairro rico dessa eleitora em Jerusalém está a cidade palestina de Al Walajah, na estrada de Belém, na Cisjordânia ocupada.

Abdelhamid Mowas, de 23 anos, votará pela primeira vez em sua vida nas eleições legislativas de 22 de maio, as primeiras em 15 anos nos Territórios Palestinos.



Essas eleições ajudarão a causa palestina? "Vamos esperar!", responde, falando sobre as eleições legislativas e as presidenciais de 31 de julho.

- "Um país como os outros" -

Três meses atrás, apenas um terço dos palestinos pensava que as eleições seriam realizadas em breve. Muitos temiam um adiamento ou uma anulação, de acordo com o Centro Palestino para Pesquisa de Políticas (PCPSR) em Ramallah.

Atualmente, 61% dos palestinos acreditam que as eleições parlamentares ocorrerão em breve, segundo esta fonte.

Enquanto isso, o Fatah laico do presidente Mahmoud Abbas e o movimento islâmico Hamas negociaram no Egito a organização das eleições, uma garantia para muitos palestinos, explica à AFP Khalil Shikaki, diretor do PCPSR.

Na Faixa de Gaza, um enclave controlado pelo Hamas, Abir Massoud está encantada com as eleições, que "nos dão a impressão de viver em um país como os outros", disse à AFP.

Embora 76% dos palestinos anseiem por uma eleição, de acordo com o PCPSR, "também há um ceticismo genuíno sobre a natureza dessas eleições", admite Inès Abdel Razek, do Palestine Institute for Public Diplomacy (PIPD).

Mas, com "as regras impostas (para ser candidato), os acordos entre as principais facções, e o 'timing'", essas eleições podem "não levar a uma substituição democrática, mas sim à renovação da legitimidade das pessoas no poder", estima.

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