Em uma reclamação dirigida às autoridades e postada em seu site nesta quinta-feira, o detrator do Kremlin explicou que os guardas o acordam "oito vezes por noite".
Os guardas "me impedem de dormir, é de fato uma tortura por privação do sono", escreveu o opositor.
Navalny, o mais conhecido opositor ao presidente Vladimir Putin, sofre "fortes dores" nas costas e na perna esquerda, informou sua advogada Olga Mikhailova, que disse temer pela vida de seu cliente.
"Para mim, seu estado de saúde é obviamente extremamente problemático (...). Todos temem pela sua vida e sua saúde", afirmou ela à rede russa de oposição Dojd.
Durante o dia, ela conseguiu encontrar o seu cliente na prisão, depois de tentar em vão no dia anterior.
Segundo ela, Alexei Navalny foi levado na noite de quarta-feira a um "hospital público", onde fez uma ressonância magnética, mas não obteve o diagnóstico.
Navalny, que cumpre pena de dois anos e meio de prisão, sobreviveu a um envenenamento no ano passado que atribui ao Kremlim.
A advogada considerou que poderia haver uma relação entre seus problemas de saúde atuais e seu envenenamento.
Os serviços penitenciários (FSIN) da região próxima a Moscou onde ele está preso reagiram nesta quinta afirmando que exames médicos foram realizados a pedido do detido e que o estado de saúde de Navalny é "considerado estável e satisfatório".
A esposa do dissidente, Yulia Navalnaya, denunciou uma "vingança pessoal" do presidente Vladimir Putin e exigiu novamente sua libertação imediata.
Navalny sofre de dores nas costas há cerca de um mês e "a situação só está piorando", alertou a esposa.
- Apenas ibuprofeno -
O porta-voz do Kremlin, por sua vez, afirmou que a Presidência "não acompanha" a situação e "não pediu nenhuma informação" sobre a saúde de Navalny.
Ao retornar à Rússia em janeiro passado, após cinco meses de convalescença na Alemanha por causa do envenenamento, Nalvalny foi imediatamente preso e condenado por um caso de fraude datado de 2014, que ele, ONGs e vários países ocidentais consideram político.
O principal adversário do presidente Vladimir Putin está detido desde o início de março em uma colônia penal em Pokrov, 100 km a leste de Moscou, conhecida como uma das mais severas da Rússia.
Mikhailova disse na quarta-feira à AFP que um neurologista examinou o opositor em razão de suas dores nas costas e problema nas pernas, mas só deu a ele comprimidos de ibuprofeno, um analgésico e anti-inflamatório.
Desde sua chegada a Pokrov, Navalny postou duas mensagens no Instragram em tom irônico e otimista.
Na primeira, afirmou que a administração penitenciária havia conseguido surpreendê-lo: "Não acreditava que um campo de concentração pudesse ser construído a 100 km de Moscou".
Na segunda, comparou sua rotina de detento com a de um Stormtrooper, o soldado imperial da saga Star Wars, devido à rígida disciplina de exercícios físicos no pátio e caminhada rápida.
Navalny entrou em coma em agosto passado na Sibéria. Após sua transferência para a Alemanha, vários laboratórios europeus estimaram que ele havia sido envenenado com Novichok, um agente nervoso desenvolvido na era soviética para fins militares.
Mas Moscou sempre rejeitou essas conclusões que provam a tese de uma tentativa de assassinato orquestrada pelo poder russo. Nenhuma investigação foi aberta na Rússia.
Navalny acusa Putin de ordenar a tentativa de assassinato, que o Kremlin insiste em rejeitar.
A União Europeia, os Estados Unidos e o Canadá adotaram sanções contra altos funcionários russos após o envenenamento.
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