"Ontem (terça-feira) denunciaram o desabamento da ponte pênsil por falta de reforma devido à pandemia", disse à AFP uma fonte da Direção Descentralizada de Cultura de Cusco, que solicitou anonimato.
Uma equipe técnica viajou de Cusco, a antiga capital do império Inca (séculos 15 a 16), ao sudeste do Peru, para avaliar os danos.
A passarela de corda é reconstruída todos os anos entre os meses de maio e junho, mas os confinamentos obrigatórios impediram as obras.
A tarefa é realizada por moradores de quatro comunidades camponesas do distrito de Quehue, na província de Canas, em Cusco, próximo à ponte.
A plataforma estava localizada em Quehue, no poderoso rio Apurímac, a 3.700 metros de altura.
A estrutura da ponte, com 28 metros de comprimento e pouco mais de um metro de largura, é construída por agricultores, que trabalham uma fibra vegetal chamada ichu e a trançam em cordas.
A obra dura três dias, até que os grandes nós dêem forma à ponte. Uma festa popular fecha a tarefa comunitária.
Em 2013, a Unesco incluiu o ritual inca e as técnicas de conservação na lista do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.
A ponte Q'eswachaka "é um exemplo palpável da continuidade de uma tradição cultural que existe desde os tempos pré-hispânicos", segundo as autoridades peruanas.
"É um ícone histórico do antigo Peru e seu reconhecimento pela UNESCO é uma homenagem às comunidades quíchuas originais que durante séculos a preservaram e a mantiveram em uso", diz o antropólogo e ex-diretor do Instituto Nacional de Cultura Luis Guillermo Lumbreras.
A Q'eswachaca é a última ponte deste tipo ainda em conservação e que mantém o seu estado original, de geração em geração, há mais de cinco séculos.