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Estado de Minas PARIS

Carbono negro pode aumentar o risco de câncer de pulmão, segundo estudo


24/03/2021 10:59

A poluição do ar por carbono negro - comumente chamado de fuligem e constituinte das partículas finas -, proveniente principalmente do tráfego de automóveis, está associada a um risco aumentado de câncer de pulmão, de acordo com pesquisa do Instituto Nacional Francês de Saúde e Pesquisa Médica (Inserm).

"Esse poluente está associado a um aumento de 30% no risco de câncer de pulmão", declarou à AFP Bénédicte Jacquemin (Inserm-Irset), coautora do estudo publicado nesta quarta-feira (24) na revista internacional Environmental Health Perspectives (EHP).

No momento, não é um poluente regulamentado.

"Sabemos que as partículas finas, PM2,5 (de diâmetro inferior a 2,5 micrômetros) que penetram profundamente nos pulmões, são cancerígenas. Queríamos saber se existe um efeito cancerígeno do carbono negro independente do das partículas finas totais".

"Após análises estatísticas, encontramos um efeito do carbono negro e é muito provável que esse efeito seja independente do efeito das partículas totais", apontou.

"Não estabelecemos relação de causa e efeito com um único estudo em epidemiologia, são necessários muitos estudos que vão na mesma direção para podermos estabelecer uma relação causal", ressaltou a pesquisadora, considerando, porém, que este resultado é "significativo".

Em 2013, a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC) classificou o conjunto de partículas finas como carcinógenos para os humanos.

Mas, dentro das partículas finas, os compostos provavelmente não têm o mesmo impacto no risco de câncer. Daí o interesse em estudar o carbono negro ("black carbon", em inglês).

Esse composto, também chamado de negro de fumo, resultante da combustão incompleta (que produz fuligem) já foi apontado pela OMS por seu impacto deletério geral sobre a saúde.

As pesquisadoras do Inserm Bénédicte Jacquemin e Emeline Lequy realizaram seu trabalho, com colegas, a partir dos dados de saúde dos participantes do projeto Gazel. Criado em 1989, ele reúne cerca de 20 mil pessoas acompanhadas todos os anos.

Os autores dispunham do histórico do local de residência dos participantes nos últimos 30 anos e tiveram acesso a estimativas precisas dos níveis de poluição de suas residências nesse período.

Fatores de risco de câncer, como tabagismo, consumo de álcool e exposição ocupacional a cancerígenos pulmonares conhecidos (amianto, solventes clorados, etc.) foram levados em consideração.

Com base nesses dados, os pesquisadores determinaram o grau de associação entre o nível de poluição nas casas dos participantes desde 1989 e o risco de desenvolver câncer, em particular câncer de pulmão.

Durante os 26 anos de acompanhamento, 3.711 novos casos de câncer, incluindo 349 de pulmão, foram diagnosticados.

Quanto mais alto o nível de exposição ao carbono negro no ar ambiente nas casas dos participantes, maior o risco de câncer de pulmão, mostrou o estudo.

As pessoas mais expostas à fuligem de carbono desde 1989 apresentam, portanto, um risco aumentado de câncer em geral de cerca de 20% em comparação com as menos expostas e de 30% para câncer de pulmão.


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