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Estado de Minas WASHINGTON

Como os erros da AstraZeneca abalaram confiança dos EUA em sua vacina


23/03/2021 16:44

Os Estados Unidos foram um dos maiores defensores da vacina anticovid-19 da AstraZeneca, mas uma série de erros da empresa corroeu a confiança das autoridades americanas e atrasou sua implementação no país mais afetado do mundo pela pandemia.

A empresa farmacêutica anglo-sueca se defendeu nesta terça-feira (23), prometendo liberar mais dados "dentro de 48 horas" depois que o Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (NIAID) levantou preocupações sobre os resultados relatados em um teste no país.

Os problemas da AstraZeneca na Europa, onde vários países interromperam sua distribuição devido a riscos potenciais de coagulação, estão bem documentados, mas seu relacionamento com as agências de saúde dos Estados Unidos também foi tenso.

- Uma vez favorita -

A situação era muito diferente em maio, quando o então presidente Donald Trump lançou a "Operação Warp Speed" para decidir quais fabricantes de vacinas financiar, muito antes que houvesse qualquer indicação de resultados.

A vacina da AstraZeneca, desenvolvida com a Universidade de Oxford, foi uma das principais propostas. O laboratório já havia trabalhado em uma vacina contra o MERS e contava com a tecnologia do vetor de adenovírus, considerada mais confiável do que as vacinas de mRNA que não haviam sido testadas.

Os Estados Unidos encomendaram 300 milhões de doses, muito mais do que seus pedidos iniciais da Moderna e da Pfizer (100 milhões cada), e deram à empresa US$ 1,2 bilhão.

- Pausa nos ensaios -

O primeiro sinal de problema veio em setembro, quando a AstraZeneca interrompeu seus testes globais depois que um participante britânico desenvolveu sintomas neurológicos.

Essas pausas não são incomuns - a Johnson & Johnson também teve que interromper temporariamente seus testes - mas a Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA) dos Estados Unidos só ficou sabendo do problema por meio do noticiário, o que começou a prejudicar sua confiança.

Enquanto o Reino Unido retomou rapidamente seu teste, os Estados Unidos esperaram cerca de sete semanas para fazer o mesmo, enquanto conduziam suas próprias pesquisas.

- Falta de transparência -

Em novembro, a AstraZeneca se tornou a terceira empresa a anunciar resultados preliminares promissores: declarou que sua vacina tinha eficácia média de 70%.

Mas a média combinou dois números: a eficácia foi de apenas 62% naqueles que receberam as duas doses regulatórias, mas subiu para 90% em um subgrupo de voluntários que receberam meias doses na primeira injeção.

A empresa foi obrigada a anunciar estudos adicionais, pois a diferença entre as doses aplicadas - meia dose ou dose completa - se deveu a um erro, algo que a empresa não mencionou.

Posteriormente, as autoridades americanas descobriram que o grupo com 90% de eficácia não incluía ninguém com mais de 55 anos.

- O último erro -

Na segunda-feira, a AstraZeneca divulgou os resultados de um ensaio realizado nos Estados Unidos, Peru e Chile que mostrou eficácia de 79% na prevenção da covid sintomática e 100% na prevenção de hospitalizações e morte.

Então veio a declaração do NIAID, que dizia que um conselho independente encarregado de supervisionar o julgamento "estava preocupado" que a AstraZeneca "pudesse ter incluído informações desatualizadas daquele julgamento", distorcendo os números. Especialistas interpretaram que os Estados Unidos querem que a AstraZeneca atualize sua análise, algo que a empresa disse que faria.

Anthony Fauci, que dirige o NIAID, disse ao "Good Morning America" que "os dados são realmente muito bons, mas quando eles os colocaram no comunicado à imprensa, não eram totalmente precisos".

"Na minha opinião, este é um erro não forçado da empresa", acrescentou ele ao site de notícias médicas Stat.

- Os EUA precisam da AstraZeneca? -

Os Estados Unidos autorizaram três vacinas - Pfizer, Moderna e Johnson & Johnson - e entre elas devem ser capazes de abranger, até o final de maio, mais pessoas do que a população adulta dos Estados Unidos.

A AstraZeneca disse que espera solicitar autorização "nas próximas semanas" e que um selo de aprovação da FDA ajudará muito a dissipar as dúvidas globais sobre a vacina.

Por outro lado, alguns dos principais especialistas agora argumentam que os Estados Unidos deveriam enviar dezenas de milhões de doses para países de baixa renda que enfrentam uma grave escassez.


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