Jornal Estado de Minas

GENEBRA

Desigualdade no acesso às vacinas se torna 'grotesca', diz OMS

A desigualdade no acesso às vacinas contra a covid-19 entre países ricos e pobres "aumenta" e se torna "grotesca", afirmou nesta segunda-feira (22) o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus.



"Em janeiro, declarei que o mundo estaria à beira de um catastrófico fracasso moral se não adotasse medidas urgentes para garantir uma distribuição justa das vacinas anticovid. Temos os meios para evitar este fracasso, mas é surpreendente o pouco que foi feito para evitá-lo", disse em coletiva de imprensa.

"A diferença entre a quantidade de vacinas administradas nos países ricos e a quantidade de vacinas administradas pelo Covax aumenta e se torna cada dia mais grotesca", destacou.

O sistema internacional Covax, criado especialmente pela OMS, busca abastecer com doses este ano 20% da população de quase 200 países e territórios e também conta com um mecanismo de financiamento para ajudar 92 países desfavorecidos.

"Os países que atualmente vacinam pessoas mais jovens, em boa saúde e baixo risco de contrair a covid-19 estão vacinando em detrimento da vida dos profissionais de saúde, dos idosos e de outros grupos de risco em outros países", criticou o chefe da OMS.



"Os países mais pobres se perguntam se os países ricos pensam realmente o que dizem quando falam de solidariedade. A distribuição não igualitária das vacinas não é só um escândalo moral, é também autodestrutiva econômica e epidemiologicamente", insistiu.

"Alguns países se apressam em vacinar toda a população enquanto outros países não têm nada. Isso pode dar segurança a curto prazo, mas é um falso sentimento de segurança", alertou.

Mais de 430 milhões de doses foram administradas no mundo, entre elas mais de um quarto nos Estados Unidos, segundo um balanço da AFP. Israel é, de longe, o país mais avançado, já que quase 60% de sua população recebeu pelo menos uma dose.

Apenas 0,1% das doses aplicadas no mundo foram em países de "renda baixa", enquanto os países de "renda alta" (16% da população mundial) concentram mais da metade das doses injetadas.

audima