Jornal Estado de Minas

NOVA YORK

Presidente de Honduras recebia cocaína da Colômbia e enganava a DEA, afirma ex-chefe do tráfico

Um ex-chefe do narcotráfico de Honduras afirmou nesta segunda-feira, durante julgamento por tráfico de drogas em Nova York, que o acusado, Geovanny Fuentes Ramírez, contou a ele que o presidente de Honduras, Juan Orlando Hernández, recebia carregamentos de cocaína procedentes da Colômbia e enganava a agência antidrogas americana (DEA).



Leonel Rivera, que comandou o temido cartel Los Cachiros e colabora atualmente com o governo americano, controu no processo, que corre na corte federal de Manhattan, que se encontrou com o acusado em 2020 na prisão metropolitana de Nova York (MCC). Na ocasião, Fuentes lhe disse que "tinha provas, fotos, vídeos, mostrando como Hernández recebia carregamentos de cocaína procedentes da Colômbia nos aeroportos de San Pedro Sula e Tegucigalpa".

Fuentes queria pedir à DEA que o deixasse sair por um mês da prisão para recuperar essas provas, disse Rivera. Segundo o ex-chefe do Los Cachiros, Fuentes contou que o suposto tráfico de drogas "acontecia diante da DEA", mas que a agência não percebia, e que Hernández enganava a mesma.

Devis Leonel Rivera Maradiaga, que confessou ter matado ou ordenado a morte de 78 pessoas e colaborou com a DEA dois anos antes de se entregar às autoridades americanas, em 2015, espera reduzir sua pena em troca do depoimento. Ele não informou a data exata da reunião na MCC, mas disse que Fuentes comentou que "ele não seria julgado", porque possuía todas essas informações sobre o presidente hondurenho.



Os promotores do distrito sul de Nova York afirmam que o presidente de Honduras e o acusado foram sócios no tráfico de toneladas de cocaína para os Estados Unidos, mas Hernández não foi indiciado. Ele afirma que é inocente e que Rivera mente para se vingar do seu combate ao narcotráfico e para ganhar uma redução da pena. O irmão do presidente, Juan Antonio "Tony" Hernández, foi considerado culpado de narcotráfico em larga escala em outubro de 2019, em Nova York, mas sua sentença ainda não saiu.

"Subornar um presidente não é barato, certo?", perguntou a Rivera o advogado de defesa Abraham Moskowitz. "Não, é caro", respondeu o ex-chefe do Los Cachiros, que afirma ter subornado todos os presidentes de Honduras desde 2006 em troca de proteção para o tráfico de drogas e da promessa de não extraditá-lo para os Estados Unidos.

Rivera diz que pagou a Hernández entre 250.000 e 300.000 dólares em 2009, quando este último era presidente do Congresso e candidato à presidência, e que, após a sua eleição, pagou ao mesmo uma segunda propina.

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