Jornal Estado de Minas

MANÁGUA

Mais de 100 opositores estão presos na Nicarágua, diz ONG

Mais de cem nicaraguenses críticos do governo do presidente Daniel Ortega estão detidos "por motivos políticos" sem o devido processo no contexto da crise política no país há três anos, denunciou uma ONG nesta sexta-feira (5).



Até esta sexta-feira, 115 pessoas foram detidas em decorrência da crise política que atravessa a Nicarágua e dos protestos maciços de abril de 2018, explicou o chamado Mecanismo de Reconhecimento de Presos Políticos, iniciativa que coordena parentes de presidiários, advogados e organizações de direitos humanos.

"Sessenta e um por cento dos presos foram detidos entre 2020 e este ano, os 39% restantes foram capturados entre 2018 e 2019, ou seja, um grande grupo de pessoas está na prisão de dois a quase três anos", disse a agência.

Outras 12 pessoas foram presas no último mês, mas foram soltas em 24 horas, um método utilizado pelas autoridades contra opositores, afirma a entidade.

As denúncias "mais frequentemente" atribuídas aos detidos são crimes comuns, como roubo com violência ou intimidação, tentativa de homicídio, porte e tráfico de drogas e uso de armas restritas, acrescentou o relatório.

O relatório coincide com uma declaração emitida na quinta-feira em Washington pela Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre "a situação dos presos políticos" na Nicarágua, na qual exortou Manágua a "sua libertação imediata".



A organização destacou que os detidos "foram apresentados como presos comuns, sem julgamentos justos, violando seus direitos fundamentais. Eles estão presos junto com criminosos comuns, sofrem agressões, ameaças e ataques sistemáticos à sua integridade física, além de maus-tratos e torturas repetidas por carcereiros".

A OEA também pediu o fim do "assédio e perseguição" de opositores no país para garantir "um processo de eleições livres, justas e transparentes".

A Nicarágua realizará eleições presidenciais e legislativas em novembro.

Os protestos maciços de 2018, que exigiram a renúncia de Ortega, foram reprimidas com força e deixaram 328 mortos e milhares de exilados, segundo dados da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).

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