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Estado de Minas PARIS

Energia nuclear não é unanimidade no mundo


05/03/2021 06:27

A energia nuclear, fonte de cerca de 10% da eletricidade mundial, não desperta unanimidade em nenhum sentido: está sendo abandonada por países como a Alemanha, enquanto outros consideram que tem um papel a cumprir contra o aquecimento global.

- Número decrescente de reatores -

"Globalmente, é uma indústria que estava em séria crise antes dos eventos de Fukushima. Essa crise se agravou consideravelmente desde então", avalia Mycle Schneider, consultor e autor de um relatório anual crítico sobre o setor.

Ao final de 2020, 412 reatores estavam em serviço em 33 países, para uma capacidade instalada de 367,1 gigawatts (GW), de acordo com seus números.

O número de reatores vem diminuindo em dez anos: eram 429 em todo o mundo no final de 2010. A capacidade instalada, porém, aumentou modestamente (era de 365,3 GW no final de 2010), pois os novos reatores tendem a ser mais potentes, e as instalações existentes foram equipadas com equipamentos mais eficientes.

A energia nuclear representa cerca de 10% da produção mundial de eletricidade, de acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE).

- Projetos concentrados na China -

Ao longo da década 2011-2020, a China concentrou 25 dos 57 reatores em construção em todo o mundo.

Mas Fukushima "foi um choque profundo para os tomadores de decisão na China, e isso levou, se não a uma interrupção repentina, a uma desaceleração considerável nas ambições nucleares na China", observa Mycle Schneider.

Quatro novos países, no entanto, lançaram-se no setor durante este período: Bangladesh, Belarus, Emirados Árabes Unidos e Turquia.

Outros países - em particular aqueles que ainda dependem do carvão altamente poluente - também desejam começar (Polônia), ou desejam desenvolver um setor nuclear já existente (República Tcheca).

Por outro lado, a Alemanha estabeleceu o prazo até 2022 para abandonar a energia nuclear após o acidente de Fukushima. A Suíça decidiu fazer o mesmo, embora mantendo algumas usinas em funcionamento por enquanto. A Bélgica planeja uma saída em 2025.

- Custos e vantagens -

Além dos problemas inerentes que gera (segurança, resíduos, etc), a energia nuclear é cada vez mais desafiada pelas renováveis, que se tornaram baratas.

E o setor foi forçado a adotar novas medidas de segurança depois de Fukushima, tornando-a mais cara.

Os custos com energia eólica e solar caíram 70% e 90%, respectivamente, no período de 2009-2020, de acordo com cálculos do banco Lazard. No mesmo período, os da nuclear aumentaram 33%, segundo a mesma fonte.

No entanto, a energia nuclear ainda tem seus adeptos, que destacam que é uma fonte de energia que emite muito pouco CO2 e é controlável, ou seja, pode ser mobilizada conforme a necessidade.

A AIE regularmente defende seu papel na luta contra o aquecimento global, ao lado das energias renováveis.

"Uma série de tecnologias, incluindo a eletricidade nuclear, será necessária para a transição para energia limpa em todo o mundo", avalia a agência, que assessora os países desenvolvidos em sua política energética.

É difícil dizer como serão as próximas décadas. Até 2050, a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) prevê que a capacidade nuclear mundial poderá ter aumentado em 82% ou diminuído em 7%.

- Pistas para o futuro -

Depois de uma certa corrida ao gigantismo com reatores cada vez mais potentes, a indústria nuclear está agora mais interessada em pequenos reatores modulares ou SMR ("small modular reactors").

São pequenos reatores cuja potência não ultrapassa 300 megawatts (MW), contra mais de 1.000 para os reatores atuais.

Eles são projetados para serem produzidos em séria na fábrica e, em seguida, transportados para o local de operação. Este conceito, já aplicado na Rússia, é de particular interesse para os Estados Unidos (que já possui o maior número de reatores do mundo, todos os tipos combinados), França (que deriva 70% de sua eletricidade do átomo, um recorde mundial) e no Reino Unido.

Vários países também trabalham em reatores de 4ª geração, que tem entre seus objetivos particularmente minimizar os resíduos.


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