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Estado de Minas CABUL

Talibãs atacam ONGs que ajudam mulheres no Afeganistão


04/03/2021 10:53

Em Doha, onde negociam um acordo de paz com o governo afegão, os talibãs dizem estar dispostos a garantir os direitos das mulheres, mas no Afeganistão as ONGs vivenciam um endurecimento de sua posição nos últimos meses.

Os insurgentes dificultam o acesso aos territórios que controlam, ordenaram o encerramento de programas que promovem a autonomia das mulheres e proibiram as ONGs desses lugares de empregarem equipes femininas, segundo várias organizações.

A AFP falou com representantes de cerca de dez organizações, que pediram o anonimato por medo de represálias.

Todas descrevem um agravamento da situação desde a assinatura em Doha, em fevereiro de 2020, do acordo entre Washington e os talibãs sobre a retirada total das forças americanas até maio, e ainda mais nos últimos meses.

Os talibãs esperam voltar ao poder e estabelecer um governo baseado na lei islâmica, com uma estrutura para os direitos das mulheres.

Mas a comunidade internacional lembra que quando estiveram no poder, entre 1996 e 2001, não permitiam que as mulheres trabalhassem ou estudassem, e as acusadas de adultério eram apedrejadas.

Por conta disso, o respeito aos direitos das mulheres é um elemento-chave nas negociações entre o governo e os insurgentes, que começaram em setembro no Catar, mas que estão estagnadas.

Uma carta de novembro da comissão do Talibã dedicada às organizações humanitárias, da qual a AFP obteve uma cópia, tende a mostrar que os talibãs usam uma linguagem ambígua.

"As ONGs que tiram as mulheres de suas casas em nome da independência econômica, da educação ou do esporte (...) não são de forma alguma aceitáveis", diz.

- Não é nada novo -

Este tom desestabilizou as ONGs, que pouco a pouco encontraram um 'modus vivendi' com o Talibã que lhes permitia ajudar as mulheres em alguns lugares, às vezes inclusive com projetos educativos.

Embora a pressão contra este tipo de atividade não seja "nada novo", observa um alto funcionário humanitário, está se tornando "muito mais oficial e generalizada".

Na carta, o comitê afirma que está disposto a "tomar as medidas necessárias" contra as ONGs que violarem suas instruções.

A mensagem chegou e vários cooperadores, que disseram que se viram obrigados a abandonar os programas em algumas regiões.

Enquanto isso, os talibãs bloquearam o acesso a algumas áreas para as equipes femininas de ONGs.

Segundo duas organizações, os insurgentes disseram ter recebido essas ordens de seu escritório político no Catar.

Sem equipes femininas, as ONGs não podem trabalhar com as mulheres, já que os talibãs não permitem que elas vejam homens que não são membros de sua própria família.


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