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Estado de Minas YANGON

Manifestantes voltam às ruas em Mianmar e ONU pede que exército pare de assassiná-los


04/03/2021 16:51 - atualizado 04/03/2021 16:55

Os birmaneses voltaram a protestar nesta quinta-feira (4) nas ruas do país, apesar do medo e da violenta repressão, que deixou pelo menos 54 mortos, segundo a ONU, que pediu às forças de segurança que parem de "assassinar" os manifestantes.

O exército, que assumiu o poder após derrubar o governo civil de Aung San Suu Kyi em 1º de fevereiro, "deve parar de assassinar e prender manifestantes", clamou Michelle Bachelet, alta comissária da ONU para os Direitos Humanos.

"Também estou chocada com os ataques documentados a equipes médicas de emergência e ambulâncias que tentam prestar cuidados a pessoas feridas", acrescentou.

Os protestos continuam pelo país. Em Yangon, a capital econômica, pequenos grupos foram formados. "Estamos unidos", gritaram os manifestantes, protegidos atrás de barricadas construídas com pneus velhos, tijolos, sacos de areia, bambu e arame farpado.

Perto dali, comerciantes tentavam vender suas mercadorias o mais rápido possível. "É perigoso permanecer aqui. A polícia e o exército também atiram nas ruas. É melhor retornar para casa e sair de novo à noite", afirmou à AFP um vendedor ambulante de comida.

Algumas manifestações foram dispersadas com gás lacrimogêneo e tiros foram ouvidos, de acordo com a mídia local.

Os manifestantes caminhavam sobre cartazes do comandante da junta militar, Min Aung Hlaing, presos no chão, uma tática para irritar os integrantes das forças de segurança, que não ousariam fazer o mesmo.

- "Tudo vai ficar bem" -

Na quarta-feira, as forças de segurança usaram munição letal em várias cidades para dispersar as manifestações pró-democracia. As imagens divulgadas nas redes sociais mostram manifestantes cobertos por sangue e com ferimentos na cabeça.

Ao menos 38 pessoas morreram na véspera, segundo a emissária da ONU para Mianmar, a suíça Christine Schraner Burgener.

Ao menos 54 civis foram mortos desde o golpe, segundo as Nações Unidas. Entre as vítimas estão quatro menores de idade, incluindo um adolescente de 14 anos, segundo a ONG Save the Children.

O exército, por sua vez, afirma que um policial morreu.

"O uso de força letal (...) mostra quão pouco as forças de segurança temem ser responsabilizadas por suas ações", disse Richard Weir, da Human Rights Watch.

Os birmaneses continuam enterrando seus mortos.

Uma multidão se reuniu nesta quinta-feira em Mandalay, a segunda maior cidade do país, para o funeral de uma jovem de 19 anos que faleceu na quarta-feira. "Sem perdão para vocês até o fim do mundo", gritaram as pessoas reunidas ao redor do caixão, coberto de flores.

Ma Kyay Sin se tornou um símbolo no país. Em uma fotografia registrada minutos antes do tiro que acabou com sua vida, ela aparece com uma camisa com a frase que viralizou nas redes sociais: "Tudo vai ficar bem".

- Embargo de armas -

A violência de quarta-feira voltou a provocar a condenação internacional.

O relator especial da ONU sobre Mianmar Thomas Andrews pediu nesta quinta-feira ao Conselho de Segurança para introduzir um "embargo mundial de armas" em Mianmar, além de sanções internacionais específicas.

O primeiro-ministro britânico Boris Johnson afirmou nesta quinta estar "horrorizado" e urgiu "o fim da repressão militar" e a "restauração da democracia".

Washington, por sua vez, pediu que China a "exerça sua influência" junto aos generais.

Pequim e Moscou, aliados tradicionais do exército birmanês na ONU, não condenaram o golpe, por considerar que a crise é um "assunto interno" do país.

O presidente francês, Emmanuel Macron, pediu a "suspensão imediata da repressão" e o Departamento de Estado americano se declarou "horrorizado e indignado" pela violência, ao mesmo tempo que pediu a China para "exercer sua influência" com os generais.

A repressão também acontece no cenário judicial.

Aung San Suu Kyi, que continua detida em um local secreto pelo exército, é acusada por quatro crimes, incluindo "incitação aos distúrbios públicos". O ex-presidente Win Myint foi acusado de violar a Constituição.

Mais de 1.700 pessoas foram detidas desde 1º de fevereiro, de acordo com a ONU.

Os militares também usaram extrema violência nas últimas revoltas populares de 1988 e 2007.

O exército, que rejeita os resultados das eleições de novembro, vencidas por grande maioria pelo partido de Aung San Suu Kyi, prometeu uma nova eleição, mas sem divulgar datas.


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