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Estado de Minas YANGON

Suu Kyi volta a ser indiciada após dia de repressão sangrenta em Mianmar


02/03/2021 00:12 - atualizado 02/03/2021 00:13

A ex-líder birmanesa Aung San Suu Kyi, já processada por violar obscuros regulamentos comerciais e sanitários, foi acusada nesta segunda-feira (1) de dois outros crimes, enquanto o país permanece sob tensão após o dia mais mortal de repressão desde o golpe de Estado.

A prêmio Nobel da Paz foi processada hoje por violar uma lei de telecomunicações e por "incitar a desordem pública", disse à AFP o advogado Nay Tu, membro de sua equipe de defesa, após a audiência, na qual Aung San Suu Kyi participou por videoconferência.

Ela já havia sido acusada de importar ilegalmente walkie-talkies e violar as restrições ao coronavírus, motivos considerados estranhos por observadores internacionais.

Fora de comunicação desde sua prisão, ela está "aparentemente com boa saúde", disse seu principal advogado, Khin Maung Zaw, que viu sua cliente por videoconferência pela primeira vez e que ainda não teve permissão para se encontrar com ela. Uma nova audiência está marcada para 15 de março.

As novas acusações surgem um dia após um dia particularmente sangrento de repressão.

Pelo menos 18 pessoas morreram no domingo, de acordo com as Nações Unidas, com base em "informações confiáveis".

A televisão estatal MRTV anunciou que foram realizadas 1.300 prisões e que 11 pessoas morreram. Segundo a MRTV, as forças de segurança foram ordenadas a não usar balas reais contra os manifestantes.

- "Munição real" -

Apesar do medo de represálias, os manifestantes voltaram às ruas nesta segunda-feira.

Perto da famosa prisão de Insein, em Yangon, as forças de segurança atiraram contra os manifestantes que protestavam contra as prisões do dia anterior, de acordo com uma transmissão ao vivo nas redes sociais.

No momento, não foi possível determinar se os tiros foram disparados com munição letal ou com balas de borracha.

"Estamos unidos", gritavam os manifestantes.

Em outras partes da capital econômica, alguns manifestantes ergueram barricadas improvisadas com pedaços de madeira, sofás e bambus.

A polícia disparou balas de borracha na tentativa de dispersar alguns deles, segundo a mídia local, que reportou vários feridos.

Após quase um mês de mobilização pró-democracia com manifestações diárias e uma campanha de desobediência civil, a resposta das autoridades foi especialmente sangrenta no domingo.

Três manifestantes foram mortos em Dawei, no sul do país, após serem alvos de "munição letal", segundo um socorrista.

Moradores saíram às ruas da cidade costeira na manhã desta segunda-feira para colocar flores vermelhas e acender velas em frente aos retratos das vítimas.

- "Campos de batalha" -

Deputados depostos da Liga Nacional para a Democracia (LND), o partido de Aung San Suu Kyi, declararam que a junta é um "grupo terrorista".

"Devido às atrocidades e atos de terrorismo dos militares, as ruas e as comunidades de toda Mianmar se transformaram em campos de batalha", disse o comitê dos deputados.

O Exército não respondeu aos pedidos de comentários da AFP, mas a mídia estatal advertiu no domingo que "medidas severas serão inevitavelmente tomadas" contra "multidões anárquicas".

Cerca de 30 manifestantes morreram desde o golpe de Estado de 1º de fevereiro, de acordo com a AAPP, uma ONG que ajuda presos políticos.

O exército afirma que um policial foi morto enquanto tentava impedir uma manifestação.

O uso de armas letais pela polícia e pelo exército contra manifestações pacíficas, em sua maioria, gerou uma nova onda de protestos internacionais.

O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, condenou no Twitter a "violência abominável das forças de segurança birmanesas".

"O uso de força letal (...) e as prisões arbitrárias são inaceitáveis", declarou, por sua vez, o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres.

O chefe da diplomacia britânica, Dominic Raab, elogiou a coragem do povo birmanês diante "dessa brutalidade".

O ministério das Relações Exteriores alemão convidou, nesta segunda-feira, o embaixador de Mianmar para ir a Berlim.

Os quinze membros do Conselho de Segurança da ONU, incluindo a China, têm prevista a realização nesta semana de uma reunião sobre Mianmar, de acordo com fontes diplomáticas.

O embaixador birmanês na ONU, Kyaw Moe Tun, rompeu com o golpe militar há vários dias ao pedir "o fim do golpe contra o povo". Ele foi destituído do cargo pela junta militar que governa o país.

Vários jornalistas foram detidos nos últimos dias, incluindo um fotógrafo da agência de notícias Associated Press. Dois jornalistas da agência de notícias chinesa Xinhua foram atingidos por balas de borracha, segundo um de seus colegas.

As últimas revoltas populares, de 1988 e 2007, foram reprimidas com sangue pelo exército, que permaneceu no poder por quase 50 anos desde a independência do país em 1948.


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