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Estado de Minas EREVAN

Milhares protestam na Armênia pela renúncia do primeiro-ministro


26/02/2021 12:57

Milhares de pessoas se manifestaram na Armênia nesta sexta-feira (26), pelo segundo dia consecutivo, para exigir a renúncia do primeiro-ministro Nikol Pashinyan, criticado pela derrota contra o Azerbaijão na guerra de 2020 em Nagorno Karabakh.

O Estado-Maior do exército pediu na quinta-feira a renúncia de Pashinyan, que denunciou uma tentativa de golpe de Estado e convocou cerca de 20.000 apoiadores na capital Yerevan.

A oposição organizou um protesto de ao menos 10.000 pessoas, que ergueram barricadas, fecharam lojas e bloquearam as ruas ao redor do Parlamento, prometendo ficar lá até que o primeiro-ministro renuncie.

Depois de ter acampado à noite, os opositores voltaram a tomar o centro de Yerevan nesta sexta-feira, erguendo bandeiras armênias e entoando slogans contra o governo.

"O povo deve ir para as ruas e expressar sua vontade de evitar um derramamento de sangue e uma crise", lançou o ex-primeiro-ministro Vazguen Manukian, favorito da oposição para suceder Pashinyan.

"Ou nos desfazemos deles [do governo], ou perdemos a Armênia", acrescentou.

A indignação de parte da população era palpável no protesto. Grigor Airapetian, um aposentado de 68 anos, considerou que "a época de Nikol terminou". "Muitos jovens morreram, sofremos uma derrota militar e a soberania do país ficou fragilizada", explicou à AFP.

Os manifestantes marcharam até a sede da presidência e a do governo, antes da reunião entre Pashinyan e o presidente Armen Sarkissian, cujo cargo é essencialmente honorário.

- Guerra com Azerbaijão -

Embora Pashinyan tenha se declarado disposto a participar de "consultas" com a oposição para diminuir as tensões, também ameaçou prender qualquer um que viole a lei.

Uma figura do partido opositor Federação Revolucionária Armênia, Guegham Manukian, afirmou nesta sexta-feira que com Pashinyan falaria unicamente sobre sua "demissão".

A oposição exige a renúncia do primeiro-ministro, que chegou ao poder em 2018 devido a uma revolução pacífica, desde a derrota da Armênia para o Azerbaijão na guerra pelo controle da região de Nagorno Karabakh, em novembro do ano passado.

Diante do risco de um desastre, o primeiro-ministro aceitou, com o apoio do exército e de seu Estado-Maior, as condições de um cessar-fogo negociado pelo presidente russo Vladimir Putin, que envolvia grandes perdas territoriais para a Armênia.

Embora Yerevan ainda controle de fato a maior parte da região de Nagorno Karabakh, perdeu a simbólica cidade de Shusha, além de um conjunto de regiões azerbaijanas perto dessa área. Em seis semanas, a guerra deixou cerca de 6.000 mortos.

Até agora, o exército apoiou o primeiro-ministro, mas nesta semana se posicionou contra ele após a destituição de um oficial que criticou algumas declarações de Pashinyan, nas quais o ministro afirmava que a derrota se devia, em parte, à ineficácia de um sistema de armamento russo, os lançadores de mísseis Iskander.

A demissão levou o Estado-Maior a exigir a renúncia de Pashinyan, julgando que o primeiro-ministro "não está mais em condições de tomar as decisões que se impõem" e acusando-o de promover "ataques para descredibilizar as forças armadas".

A declaração, no entanto, não foi acompanhada por nenhum movimento de tropas, e Pashinyan decidiu liderar uma manifestação de cerca de 20.000 apoiadores dele em Yerevan para reafirmar seu poder.

"O exército [...] deve obedecer ao povo e às autoridades eleitas. São minhas ordens e ninguém pode desobedecer", declarou ele aos aplausos da multidão.

Desde sua independência após o colapso da União Soviética em 1991, a Armênia enfrentou várias crises políticas e revoltas, algumas delas muito violentas.


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