Jornal Estado de Minas

CIDADE DA GUATEMALA

Indígenas pedem justiça para vítimas de guerra na Guatemala

Dezenas de indígenas guatemaltecos, sob liderança da ganhadora do Prêmio Nobel da Paz, Rigoberta Menchú, exigiram justiça nesta quinta-feira (25), por ocasião da comemoração do Dia Nacional das vítimas do conflito armado (1960-1996), que deixou cerca de 200 mil mortos ou desaparecidos.



Antes de uma caminhada pelo centro histórico da capital, levando flores amarelas, vermelhas e brancas, os sacerdotes maias realizaram uma cerimônia na praça central, onde pediram justiça para seus parentes mortos durante a guerra.

"Dignificamos as vítimas do conflito armado interno e em sua memória exigimos verdade e justiça para que esses crimes nunca mais se repitam", afirmou Feliciana Macaria, da organização Familiares de Detidos-Desaparecidos da Guatemala (Famdegua).

Enquanto isso, dezenas de organizações afirmaram em comunicado que esta data é dolorosa porque "lembramos nossos entes queridos que sofreram genocídio, massacres, desaparecimento forçado, tortura, violência sexual e outros crimes atrozes cometidos pelo Exército, e por isso exigimos memória e justiça".

Também criticaram o presidente Alejandro Giammattei por ordenar o fechamento da Secretaria de Paz e da Comissão Nacional de Ressarcimento, entidades criadas após a assinatura do armistício, em 29 de dezembro de 1996.

O presidente "fechou ilegalmente as instituições de paz e pretende enterrar a memória histórica do país, mas as vítimas e sobreviventes defenderão nossos direitos perante os tribunais nacionais e internacionais, e nas ruas se necessário", alertaram.



A data comemora a apresentação do relatório Memória do Silêncio, da Comissão de Esclarecimento Histórico da ONU, que reconhece que um genocídio foi cometido, e responsabiliza o Estado por 93% das violações.

Segundo o documento, foram cometidos 626 massacres e 5 mil crianças desapareceram, ao mesmo tempo em que mais de 90% das vítimas foram indígenas, que representam 42% dos quase 17 milhões de habitantes do país.

A data foi institucionalizada pelo Congresso em 25 de fevereiro de 2002 e estabelece que deve ser comemorada em instituições autônomas e descentralizadas, estabelecimentos de ensino e repartições públicas e privadas, da forma que melhor homenageie a memória das vítimas do conflito armado.

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