As ações ordinárias e preferenciais da estatal de capital aberto caíam mais de 19% às 11h00, uma queda que derrubou o índice Ibovespa, da Bolsa de Valores de São Paulo, que perdia mais de 5% em relação ao fechamento de sexta-feira.
Os papéis da Petrobras já haviam sido duramente atingidos na sexta, depois que Bolsonaro, que chegou ao poder prometendo um programa econômico liberal e várias privatizações, anunciou que haveria "mudanças" na empresa e na quinta-feira criticou vários aumentos sucessivos no preço da gasolina.
Após a sessão de sexta-feira, o presidente anunciou que havia nomeado um general da reserva do Exército, Joaquim Silva e Luna, para substituir o atual presidente Roberto Castello Branco na direção da empresa, nomeado há dois anos pelo ministro da Economia, o liberal Paulo Guedes, um aliado chave do Bolsonaro para os mercados.
A decisão, que deve ser confirmada na terça-feira pela diretoria da Petrobras, gerou temores de que o presidente intervenha na política de preços da empresa.
"Não foi só a nomeação, foi a troca. O governo mostrou claramente uma interferência na Petrobras, justamente porque Bolsonaro é contra a sistemática de reajuste de preços dos combustíveis", comentou à AFP o economista Alex Agostini, da Austin Rating.
O governo "sinaliza claramente que vai fazer intervenções", apontou.
"E a gente sabe que no passado, no governo da Dilma (Rousseff - isso foi feito, gerando um prejuízo muito grande para a Petrobras, porque praticou preços abaixo do preço de mercado", acrescentou.
A Petrobras aumentou quatro vezes o preço dos combustíveis em 2021, com alta acumulada de 34,78%, diante dos quais o poderoso setor dos caminhoneiros ameaçou o governo com a convocação de uma greve.
"Anuncio que teremos mudança, sim, na Petrobras. Jamais vamos interferir nessa grande empresa, na sua política de preços. Mas o povo não pode ser surpreendido com certos ajustes" nos combustíveis, disse o presidente no fim de semana, afirmando ainda que vai "meter o dedo na eletricidade, que é outro problema".
Essa última declaração fez com que as ações da Eletrobras, cuja privatização há muito se fala no Brasil, despencassem mais de 7% logo após a abertura da Bolsa de Valores de São Paulo.
Os temores dos investidores também se refletiam no mercado de câmbio. O real desvalorizava nesta segunda mais de 2,5%.
SÃO PAULO