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Estado de Minas TEERÃ

Irã pode enriquecer urânio em até 60%, adverte Khamenei


22/02/2021 19:41 - atualizado 22/02/2021 19:43

O líder supremo iraniano, Ali Khamenei, alertou nesta segunda-feira (22) que seu país poderia enriquecer urânio até 60%, um desafio do Irã em plenas negociações diplomáticas para salvar o acordo nuclear de 2015.

"O limite de enriquecimento do Irã não será de apenas 20%. Atuaremos de acordo com nossas necessidades (...) Poderíamos aumentar o enriquecimento para 60%", disse o aiatolá, a maior autoridade do país, em nota publicada em sua página oficial.

As declarações de Khamenei são divulgadas na véspera da entrada em vigor de uma lei que visa limitar a inspeção da ONU sobre as atividades nucleares iranianas enquanto as sanções americanas forem mantidas.

O embaixador do Irã na Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Kazem Gharibabadi, explicou nesta segunda-feira à noite que estas limitações serão aplicadas "a partir da meia-noite local (17h30 de Brasília). Já foram dadas as instruções necessárias às instalações nucleares".

Diante da determinação iraniana, o porta-voz do Departamento de Estado dos Estados Unidos, Ned Price, reagiu pedindo que Teerã se submetesse "totalmente" ao controle da AIEA, após o acordo provisório alcançado neste domingo entre as autoridades iranianas e os responsáveis por este órgão da ONU que deve permitir o monitoramento das atividades nucleares.

O Irã "não abandonou suas obrigações, mas reduziu progressivamente algumas delas, que são reversíveis caso (os demais países signatários) voltem a respeitar seus compromissos", declarou Khamenei, após ter ameaçado enriquecer o urânio em até 60%, o que facilitaria atingir os 90% necessários para desenvolver uma bomba atômica.

As autoridades iranianas começaram a descumprir suas obrigações em 2019, um ano após a retirada unilateral dos Estados Unidos e o restabelecimento das sanções que sufocam a economia iraniana.

O pacto, firmado entre a República Islâmica e os Estados Unidos, França, Alemanha, Reino Unido, Rússia e China, previa o levantamento progressivo das sanções em troca de o Irã garantir que não se equipe com a bomba atômica, objetivo que Teerã sempre negou perseguir.

- "Resultado significativo" -

As afirmações de Khamenei foram divulgadas no mesmo dia em que os líderes iranianos se parabenizaram pelo andamento das negociações com a AIEA.

As negociações com as autoridades de controle nuclear da ONU "alcançaram um resultado diplomático muito significativo", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Said Khatibzadeh, em entrevista coletiva no dia seguinte à visita do diretor-geral da AIEA a Teerã, Rafael Grossi.

No domingo, o Irã e a AIEA anunciaram um acordo "temporário" de três meses para manter a vigilância das atividades nucleares, embora reduzidas, enquanto negociações diplomáticas entre os signatários do pacto de 2015 avançam sobre o impasse causado pela saída dos Estados Unidos.

Mas o que muda com o anúncio na noite de domingo?

A lei iraniana, que prevê a restrição do acesso a algumas inspeções, inclusive de instalações militares suspeitas, "existe e será aplicada" a partir de terça-feira se os Estados Unidos não suspenderem as sanções, alertou Rafael Grossi ao retornar a Viena, após "reuniões intensivas" em Teerã.

"O acesso será reduzido, não vamos nos enganar, mas seremos capazes de manter o nível necessário de vigilância e verificação", disse Grossi.

"Isso salva a situação imediata", acrescentou.

Nos termos deste "acordo técnico bilateral", com duração de três meses e que pode ser suspenso a qualquer momento, o número de inspetores destacados pela AIEA no Irã será mantido e eles poderão continuar realizando inspeções aleatórias.

"É claro que alcançar uma situação estável exigirá negociação política, e isso não depende de mim", disse Grossi.

- Sem gravações -

"Concluímos alguns acordos para continuar com as verificações no âmbito das garantias do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP), destacou o porta-voz do ministério iraniano das Relações Exteriores.

"Mas a aplicação voluntária do protocolo adicional (do TNP) será suspensa, como decidiu o Parlamento. As câmeras continuarão ligadas, mas nenhuma imagem será transmitida à AIEA", completou.

A Organização Iraniana de Energia Atômica informou que as imagens serão apagadas se Washington não retirar as sanções após três meses.

Ao mesmo tempo, um comandante militar americano aproveitou uma visita a Omã para advertir o Irã que se abstenha de qualquer provocação.

"Acredito que este é o momento para que todos demonstrem moderação e precaução, e vejam como vão as coisas", afirmou o general Kenneth McKenzie, que comanda as forças americanas no Oriente Médio.


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