Os antissistema, que foram obrigados a mudar sua linha política depois que chegaram ao poder em 2018, programaram submeter à votação interna on-line a decisão de apoiar o governo de unidade do economista e ex-presidente do Banco Central Europeu, no momento em que país enfrenta a emergência de saúde da pandemia e uma crise econômica.
A votação, que deveria começar nesta quarta-feira e prosseguir até quinta-feira, foi suspensa.
"A votação sobre o governo (...) está temporariamente suspensa. Os novos horários de votação serão anunciados em breve", afirma o site do M5E.
A medida foi adotada depois que o comediante e fundador do movimento, Beppe Grillo, afirmou durante a noite de terça-feira no Facebook que preferia que o o M5E só adotasse uma decisão depois que Draghi divulgasse o seu programa.
"Esperemos até que diga publicamente o que deseja fazer porque ainda não tem as ideias claras" escreveu Grillo, que, apesar de não ser um parlamentar, lidera uma formação com 191 deputados e 91 senadores.
"Dizer sim ou não a Draghi seria muito pobre (...) Tenos que votar um programa", explicou Vito Crimi, um dos líderes do movimento, ao jornal Il Fatto Quotidiano.
As dúvidas do movimento dificultam a formação do governo de Draghi, que nesta quarta-feira se reúne com os representantes dos setores sociais e com organizações de defesa do meio ambiente.
De acordo com fontes parlamentares, Draghi está elaborando um governo de linha "europeísta e defensor do meio ambiente", que deve priorizar o colossal programa para a reconstrução do país com recursos da União Europeia, a campanha de vacinação e as reformas tributária, da administração pública e do ensino.
É possível que Draghi tenha que aguardar a resposta do M5E antes de uma reunião com o presidente da República, Sergio Mattarella, para comunicar o resultado das consultas.
O renomado economista recebeu o apoio de quase todos os partidos, com exceção dos Irmãos da Itália (direita).
O apoio da formação de extrema-direita Liga, de Matteo Salvini, que lidera as pesquisas de intenção de voto, complica a situação devido a sua agressiva posição contra os imigrantes quando seu líder foi ministro do Interior em 2018.
A imprensa recordou que Draghi, formado em uma das escolas de maior prestígio dos jesuítas em Roma, é católico, próximo ao papa Francisco, que o nomeou recentemente membro da Pontifícia Academia de Ciências Sociais.
ROMA