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Estado de Minas WASHINGTON

Liz Cheney, a porta-voz dos republicanos anti-Trump


08/02/2021 22:32

Ela votou pelo impeachment de Donald Trump, tornando-se a besta negra de seus seguidores: a legisladora norte-americana Liz Cheney personifica o pequeno setor do Partido Republicano que quer acabar com o nacionalismo exacerbado e a retórica populista que levou o ex-presidente ao poder.

Em 13 de janeiro, a número três dos republicanos na Câmara dos Representantes se juntou aos democratas, que são maioria na câmara baixa do Congresso, para aprovar um histórico impeachment contra Trump, acusado de "incitar uma insurreição" após a invasão de seus apoiadores ao Capitólio uma semana antes.

"Temos uma situação em que o presidente passou meses alegando que a eleição foi roubada (...) e terminou com um atentado no Capitólio, cinco pessoas morreram naquele dia. É o tipo de atentado que nunca mais deve acontecer", disse Cheney à Fox News no domingo.

Desde que votou pela acusação de Trump, a advogada de 54 anos se tornou alvo de partidários do ex-presidente, que pedem sua punição.

Na Câmara, ela sobreviveu a um voto de censura durante uma reunião de congressistas republicanos, alguns dos quais queriam removê-la de suas responsabilidades dentro do partido.

Em seu estado, Wyoming, onde foi eleita em 2016, ela foi alvo de uma moção de censura do Partido Republicano local, que exigiu sua renúncia. Ela recusou, dizendo que "não cederia à pressão política".

- Valores -

A filha do ex-vice-presidente Dick Cheney (2001-2009) acredita que os republicanos, ao se renderem a Trump, renegaram seus valores.

Para ela, "o crime (dos trumpistas) é que eles são incompetentes para governar, é o pecado original deles", explica Matthew Schmidt, professor de ciências políticas da Universidade de New Haven.

Seu voto foi "um voto de consciência, enquanto aqueles que dizem 'o partido primeiro' são os agitadores", acrescenta.

Porém, para os partidários de Trump, Liz Cheney representa o "pântano" de Washington denunciado pelo ex-presidente, que critica políticos de carreira com os quais militantes comuns não se identificam mais.

Em contraste, Marjorie Taylor Greene, de 46 anos, é uma novata política eleita na Geórgia em novembro. Opondo-se ao aborto, à imigração e a qualquer regulamentação sobre armas, Greene foi destituída de seu cargo em dois comitês da Câmara por disseminar teorias da conspiração do movimento de extrema direita QAnon.

"Um número recorde de republicanos votou no presidente Trump" em novembro, apontou Greene na semana passada. "Os eleitores republicanos o apoiam, este é o partido dele."

"Somos o partido de Lincoln, não do QAnon, do anti-semitismo ou dos negacionistas do Holocausto", disse Cheney no domingo.

"Somos o partido da responsabilidade, o partido da verdade", declarou ela, criticando as "mentiras" de Trump, que ainda se recusa a reconhecer a vitória de Joe Biden.

- "Para casa" -

Liz Cheney vem de uma família com uma longa história política.

Seu pai, de 80 anos, foi legislador em Wyoming de 1979 a 1989, antes de se tornar secretário de Defesa de George H.W. Bush e depois o vice-presidente de George W. Bush.

Filha mais velha de um político proeminente, costumava acompanhar o pai durante as campanhas eleitorais.

Depois de se formar em direito pela Universidade de Chicago, ela ingressou na Corporação Financeira Internacional do Banco Mundial antes de assumir vários cargos no Departamento de Estado, principalmente no Oriente Médio.

Casada com Philip Perry, advogado de um famoso escritório de advocacia de Washington, essa mãe de cinco filhos tentou ser eleita para uma vaga no Senado em 2014, antes de ganhar na Câmara dos Representantes em 2016 a mesma cadeira que seu pai ocupou.

Facilmente reeleita desde então, ela pode enfrentar forte oposição dos apoiadores de Trump em 2022.

"Liz Cheney apunhalou pelas costas" o ex-presidente votando por seu impeachment, disse recentemente o senador estadual Anthony Bouchard, de Wyoming.

Outro congressista leal a Trump, Matt Gaetz, da Flórida, afirmou em um comício em Wyoming na quinta-feira que os eleitores naquele estado poderiam escolher alguém que realmente os representasse e mandar Cheney "para casa".


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