Jornal Estado de Minas

NOVA DÉLHI

Quase 200 desaparecidos na Índia após queda de fragmento de geleira em rio

Quase 200 pessoas estavam desaparecidas no norte da Índia neste domingo depois que um enorme fragmento de uma geleira do Himalaia caiu em um rio, o que provocou uma forte torrente que inundou duas centrais elétricas e destruiu pontes e estradas.



Até a interrupção das buscas durante a noite, sete corpos foram encontrados, segundo as autoridades do estado de Uttarakhand, que registraram entre 125 e 200 desaparecidos.

O chefe de polícia do estado de Uttarakhand, Ashok Kumar, afirmou horas antes que uma operação de emergência foi mobilizada para tentar resgatar 17 pessoas retidas em um túnel.

O primeiro-ministro do estado de Uttarakhand, Trivendra Singh Rawat, afirmou que pelo menos 125 pessoas são consideradas desaparecidas, mas que o balanço pode aumentar.

Kumar mencionou antes a possibilidade de 200 desaparecidos apenas nas centrais de energia elétrica atingidas pela correnteza.

A grande correnteza atravessou o vale do rio Dhauliganga, destruindo tudo o que encontrou em seu caminho, de acordo com vídeos feitos por moradores da região aterrorizados.

"Subia uma nuvem de poeira à medida que a água avançava. O chão sacudia como em um terremoto", afirmou Om Agarwal, morador da região, a um canal de televisão.



A maioria dos desaparecidos são funcionários de duas centrais de energia elétrica devastadas pela correnteza, provocada pela queda de um fragmento gigantesco de geleira da encosta de uma montanha, informou o chefe de polícia, Ashok Kumar.

"Havia 50 trabalhadores na central de Rishi Ganga e não temos nenhuma informação sobre eles. Outros 150 trabalhadores estavam em Tapovan", completou.

"Com a estrada principal completamente arrasada, o túnel ficou tomado por lama e pedras, o que obrigou as equipes de emergência a descer por uma ladeira com cordas para ter acesso ao local.

Centenas de funcionários das equipes de resgate, com o apoio de helicópteros e aviões, foram enviados à região.

As autoridades foram obrigadas a esvaziar as represas para deter a inundação, cujas águas chegaram ao Ganges. Os moradores foram proibidos de se aproximar das margens do rio sagrado.

O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, informou que está monitorando a operação de resgate.



"A Índia apoia a população de Uttarakhand e a nação inteira reza pela segurança de todos nesta região", escreveu no no Twitter.

Quatorze geleiras estão sobre o rio no Parque Nacional Nanda Devi, objeto de estudos científicos por causa dos crescentes temores a respeito da mudança climática e do desmatamento.

"As avalanches são fenômenos comuns na bacia hidrográfica", afirmou à AFP M.P.S. Bisht, diretor do Uttarakhand Space Application Centre.

As inundações devastadoras provocadas pelas monções em Uttarakhand em 2013 deixaram mais de 6.000 mortos, o que provocou uma revisão dos planos de desenvolvimento no estado, em particular em áreas isoladas como as próximas à represa Rishi Ganga.

Uma Bharti, ex-ministra de Recursos Hídricos, afirmou que quando integrava o governo havia solicitado a paralisação dos projetos hidrelétricos em zonas "sensíveis" do Himalaia, como o Ganges e seus afluentes.

Vimlendhu Jha, fundador da ONG ecologista Swechha, afirmou que o desastre é uma "recordação sombria" dos efeitos da mudança climática e do "desenvolvimento aleatório de estradas, ferrovias e centrais elétricas em zonas ecologicamente sensíveis".

"Os ativistas e os habitantes são constantemente contrários aos grandes projetos no vale do rio", disse.

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