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Estado de Minas YANGON

Mianmar, um país sob controle da junta militar por décadas


01/02/2021 10:08

Mianmar, cuja líder de fato, Aung San Suu Kyi, foi detida nesta segunda-feira (1), após um golpe de Estado, teve três presidentes civis depois da independência, em 1948, e ficou décadas sob domínio de uma junta militar antes da reintegração de um presidente civil em 2016.

Confira abaixo uma breve cronologia do país:

- 4 de janeiro de 1948: Birmânia, uma colônia da Índia britânica desde 1885, ganha sua independência. Aung San, herói nacional e pai de Aung San Suu Kyi, foi assassinado alguns meses antes. Um primeiro presidente birmanês é eleito, Sao Shwe Thaik, da importante etnia shan, seguido por Ba U, em 1952, e Mahn Win Maung, da etnia karen, em 1957.

- 1962: Depois de anos de lutas internas entre facções políticas, o general Ne Win toma o poder por meio de um golpe. Ele acumula os cargos de presidente, primeiro-ministro e presidente do partido único que defende o "caminho birmanês para o socialismo".

- 1981: Ne Win nomeia San Yu como presidente. Este cargo passou para Sein Lwin em 1988, seguido por Maung Maung, que serviu como interino por algumas semanas, até ser ocupado pelo general Saw Maung.

- 1988: Devido a uma gestão econômica desastrosa e a repressões políticas, explode uma revolta liderada por estudantes. O Exército reprimiu as manifestações, causando 3.000 mortes. Aung San Suu Kyi, que morava na Inglaterra na época, foi visitar sua mãe doente e decidiu se juntar aos manifestantes e criar um novo partido: a Liga Nacional para a Democracia (NLD).

- 1989: Aung San Suu Kyi é colocada em prisão domiciliar. Passará 15 anos assim.

- 1990: A NLD vence as eleições, mas os militares ignoram o resultado. Nova onda de repressão, prisão, ou exílio para os opositores.

- 1991: Aung San Suu Kyi obtém o Prêmio Nobel da Paz, mas não irá retirá-lo até 2012.

- 1992: O general Saw Maung é destituído de suas funções como presidente por um golpe do general Than Shwe, que se torna o novo chefe da junta.

- 2005: Os militares transferem a capital de Yangon para Naypyidaw, uma cidade administrativa fantasma criada do zero.

- 2008: o ciclone Nargis mata mais de 130.000 pessoas, mas a junta rejeita a ajuda internacional.

- 2010: Os generais convocam eleições, boicotadas pela NLD e por muitos outros partidos. Menos de uma semana após a eleição, Suu Kyi é libertada depois de passar 15 dos últimos 20 anos em prisão domiciliar.

- 2011: Contra todos os prognósticos, a junta decide se dissolver e estabelece um regime semicivil. O ex-general Thein Sein se torna presidente.

- Abril de 2012: nas eleições parciais, a NLD ganha 43 dos 45 assentos e entra no Parlamento. Suu Kyi é eleita deputada. Estados Unidos e Europa suspendem várias sanções, e os investidores estrangeiros se interessam pelo país.

- Novembro de 2012: Barack Obama se torna o primeiro presidente dos EUA a visitar Mianmar. Ele se reúne com Aung San Suu Kyi em sua residência.

- Novembro de 2015: Mianmar realiza suas primeiras eleições gerais livres desde 1990.

- 1º de fevereiro de 2016: Começa legislatura de um Parlamento dominado pelo partido de Aung San Suu Kyi, que formará o primeiro governo a emergir de eleições livres após décadas de regime militar.

- 20 de março de 2016: Htin Kyaw sucede ao presidente Thein Sein e se torna o primeiro presidente civil desde 1962.

- 4 de abril de 2016: Aung San Suu Kyi, chefe de facto do novo governo de Mianmar, renuncia a dois ministérios, mas será o porta-voz do presidente.

- 25 de agosto de 2017: A rebelião rohingya lança 30 ataques contra delegacias de polícia no estado de Rakhine, no oeste do país. Morrem pelo menos 12 policiais.

- 11 de setembro de 2017: Passa de 300.000 o número de muçulmanos rohingyas refugiados desde 25 de agosto em Bangladesh para fugir da violência em Mianmar, estima a ONU, que denuncia um "exemplo clássico de limpeza étnica".

- 27 de agosto de 2018: Investigadores da ONU pedem que a Justiça internacional processe o chefe das Forças Armadas birmanesas, Min Aung Hlaing, e outros cinco oficiais de alta patente por "genocídio", "crimes contra a humanidade" e "crimes de guerra".

- 3 de setembro de 2018: Dois jornalistas da Reuters acusados de "violarem o segredo de Estado" por terem investigado sobre um massacre de muçulmanos rohingyas, por parte do Exército, são condenados a sete anos de prisão. Foram soltos em 7 de maio de 2019, após meses de pressão internacional.

- 11 de novembro de 2019: Gâmbia, por mandato dos 57 Estados-membros da Organização de Cooperação Islâmica, instaura uma ação legal contra a Mianmar por "atos de genocídio" perante a CIJ, o tribunal da ONU.

- 8 de novembro de 2020: o partido de Aung San Suu Kyi, da situação, obtém uma vitória esmagadora nas eleições legislativas.

- 26 de janeiro de 2021: O exército birmanês denuncia irregularidades legislativas e não descarta a possibilidade de um golpe, se o governo não permitir a realização de verificações.

- 28 de janeiro de 2021: o secretário-geral da ONU, António Guterres "exorta todos os atores a se absterem de qualquer forma de incitamento, ou de provocação"

- 1 de fevereiro de 2021: o Exército detém Aung San Suu Kyi, a chefe de facto do governo birmanês, segundo seu partido, que denuncia um "golpe de Estado".


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